Resumo:

Diariamente dezenas de milhares de objetos são descartados nos aterros, lixões e caçambas ou levados para cooperativas de reciclagem e locais de doação. De artefatos de consumo efêmero a bens duráveis, estes produtos encerraram sua relação com seus usuários cumprindo a função para a qual foram desenhados, produzidos, comercializados e já não têm mais serventia: serão descartados, eventualmente doados ou vendidos para alguém. Por outro lado, outros tantos artefatos nas mesmas condições não serão descartados, mas mantidos. Por motivos diversos, serão reutilizados e ressignificados, guardados ou reaproveitados. Os artefatos de memória serão mantidos pelos afetos que simbolizam, pelas memórias das quais tomaram parte e porque fazem bem lembrar. Que outros motivos nos levam a manter, reusar, recuperar e ressignificar determinados objetos em vez de descartá-los? O que promove este fenômeno? Haverá aspectos de design responsáveis por promover esta relação? Finalmente, caso existam estas propriedades, será possível projetá-las de modo a se estender a permanência dos objetos, íntegros ou em partes, originais ou modificados, evitando assim o aumento dos resíduos sólidos descartados, um dos focos centrais das questões da sustentabilidade? A proposta deste trabalho consiste em compreender o fenômeno relacionado com não jogar fora determinados objetos, relacionado com aspectos do design desses artefatos, isto é, fatores de ordem prática, estética ou simbólica.