Resumo:

A celulose bacteriana (CB) é um polímero biodegradável preparado a partir de suspensões de culturas da bactéria Gluconoacetobacter xylinum. Nos últimos anos a quantidade de publicações com CB apresentou elevado aumento com notável avanço em pesquisas nas áreas biomédicas e biotecnológicas. Para que a CB adquira outras características de interesse tecnológico é interessante a modificação da sua superfície. Geralmente, estas condições são severas a ponto de modificar algumas características iniciais, como a cristalinidade e aspecto físico de filme. Uma alternativa é a introdução de espaçadores simples contendo determinados grupos funcionais que possibilitem a conjugação de outras moléculas de interesse, porém de forma mais suave. No presente trabalho optou-se pelo acoplamento de um derivado da maleimida. Este espaçador possui como característica reagir suave e seletivamente frente a grupos tióis, em meio aquoso e sem a adição de qualquer outro reagente. Este fato possibilita a conjugação de moléculas de interesse biomédico, proteínas por exemplo, que contenham grupos sulfidrilas em sua estrutura. O acoplamento do derivado da maleimida (espaçador) com a membrana de CB ocorreu pelo uso dos reagentes de acoplamento DCC/DMAP em DMF em banho de ultrassom. O filme foi caracterizado por FT-IR, UV-vis e 13C RMN-CPMAS. O acoplamento entre o espaçador e a celulose bacteriana se deu de forma suave, mantendo-se a integridade do filme e pôde ser confirmado pela banda intensa e característica em 1706cm-1 (carbonila de maleimida) e pelos sinais com deslocamentos químicos correspondentes ao reagente espaçador no espectro de 13C RMN-CPMAS. O aumento de absorção no ultravioleta também confirmou a inserção deste na estrutura da celulose. Por meio das principais análises para determinação de grupos funcionais e estruturas orgânicas determinou-se a presença do reagente espaçador ligado covalentemente na celulose. Observou-se que esta reação foi suficientemente suave para manter esta estrutura na forma de filme.