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HEIDEGGER E SLOTERDIJK SOBRE A NOÇÃO DE “ESPAÇO INTERIOR” EM RILKE
HEIDEGGER E SLOTERDIJK SOBRE A NOÇÃO DE “ESPAÇO INTERIOR” EM RILKE
Weber, José Fernandes; Pitta, Maurício Fernando
Artigo:
Visamos, nesta comunicação, ensaiar a aproximação das leituras de Martin Heidegger e Peter Sloterdijk a respeito do conceito de “espaço interior”, evocado pelo poeta praguense Rainer M. Rilke e devedora da noção de “aberto”, por ele empregada na oitava das Elegias de Duíno. Heidegger compreende o aberto rilkeano em duas acepções: como o ilimitado vazio ao qual o sujeito interpõe representações; e como espaço interior, locus da “existência” (Dasein) no qual repousa a experiência originária de habitar poético no mundo. Sloterdijk percebe uma familiaridade crucial com o serno- mundo heideggeriano na noção de espaço interior, mas com ressalvas: o espaço rilkeano, em oposição ao heideggeriano, se caracteriza como espaço da “en-stase”, não da “ek-stase”. Isso parece implicar a dissidência com o “aberto” próprio da filosofia heideggeriana, com o qual Heidegger caracteriza a transcendência do Dasein enquanto abertura. De forma afim, Sloterdijk considera necessário interpor, entre o mundo circundante (Umwelt) fechado do animal e o aberto do clarão do ser heideggeriano uma outra instância: a esfera, enquanto espaço de intimidade próprio do humano. Em vista disso, intentamos discutir sobre algumas dessas aproximações e dissidências e em como elas parecem exigir duas posturas antagônicas com relação ao homem, ao animal e à técnica.
Visamos, nesta comunicação, ensaiar a aproximação das leituras de Martin Heidegger e Peter Sloterdijk a respeito do conceito de “espaço interior”, evocado pelo poeta praguense Rainer M. Rilke e devedora da noção de “aberto”, por ele empregada na oitava das Elegias de Duíno. Heidegger compreende o aberto rilkeano em duas acepções: como o ilimitado vazio ao qual o sujeito interpõe representações; e como espaço interior, locus da “existência” (Dasein) no qual repousa a experiência originária de habitar poético no mundo. Sloterdijk percebe uma familiaridade crucial com o serno- mundo heideggeriano na noção de espaço interior, mas com ressalvas: o espaço rilkeano, em oposição ao heideggeriano, se caracteriza como espaço da “en-stase”, não da “ek-stase”. Isso parece implicar a dissidência com o “aberto” próprio da filosofia heideggeriana, com o qual Heidegger caracteriza a transcendência do Dasein enquanto abertura. De forma afim, Sloterdijk considera necessário interpor, entre o mundo circundante (Umwelt) fechado do animal e o aberto do clarão do ser heideggeriano uma outra instância: a esfera, enquanto espaço de intimidade próprio do humano. Em vista disso, intentamos discutir sobre algumas dessas aproximações e dissidências e em como elas parecem exigir duas posturas antagônicas com relação ao homem, ao animal e à técnica.
Palavras-chave:
DOI: 10.5151/sosci-xisepech-gt10_225
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Como citar:
Weber, José Fernandes; Maurício Fernando Pitta; "HEIDEGGER E SLOTERDIJK SOBRE A NOÇÃO DE “ESPAÇO INTERIOR” EM RILKE", p-945-954.
In: Anais do XI Seminário de Pesquisa em Ciencias Humanas [=Blucher Social Science Proceedings, n.4 v.2].
São Paulo: Blucher,
2016.
ISSN 23592990,
DOI 10.5151/sosci-xisepech-gt10_225
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José Fernandes Weber, Maurício Fernando Pitta, HEIDEGGER E SLOTERDIJK SOBRE A NOÇÃO DE “ESPAÇO INTERIOR” EM RILKE, Blucher Social Sciences Proceedings, Volume 2, 2016, Pages 945-954, ISSN 23592990, http://dx.doi.org/10.5151/sosci-xisepech-gt10_225 (www.proceedings.blucher.com.br/article-details/heidegger-e-sloterdijk-sobre-a-noo-de-espao-interior-em-rilke-23638) Palavras-chave:: ;