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Sublimação: um destino possível?

Sublimação: um destino possível?

Delouya, Daniel ;

Mesa:

Não compartilho da visão ou do preconceito de que os psicanalistas não se atentam à sublimação em seus trabalhos clínicos. Acredito que o destino da sublimação está na mira dos psicanalistas, como possível e bem vindouro encaminhamento da cura analítica. Muitas vezes, os efeitos sublimatórios de uma cura prenunciam o fim da análise. Penso, sobretudo, em pacientes melancólicos que após muitos anos de análise, revelam na mudança de seu vestir, nos objetos de consumo e nos tratos higiênicos e estéticos de seu corpo um inédito cuidado de si, além de outros, culturais, como inusitados gostos pela literatura, pelo cinema e pela música aos quais se mostravam no passado avessos ou indiferentes. Esse desvio – como Freud caracteriza a sublimação –ou essas divergências dos destinos pulsionais ou auto- eróticos demonstram transformações de maior valor, dando sentido para sua vida. Trata-se aqui de apropriações novas no mundo psíquico do paciente e que nós creditamos ao trabalho da análise. Jaques André, em seu livro O imprevisto (2004), traz alguns exemplos da sala de análise, onde mudanças que parecem pequenas como quando o paciente passa a poder usar um guarda-chuva, representam uma alteração significativa na vida do paciente, caminhando para o final de sua análise. Essas mudanças inéditas devem ser distinguidas de outras que sucedem a um trabalho de luto na análise a partir do qual o paciente recupera os gostos, e com novo frescor, de suas sublimações já estabelecidas que foram suprimidas durante o seu luto. Nesses casos, a retomada das fruições sublimatórias não coincide, necessariamente, com o sinal de fim da análise.

Mesa:

Não compartilho da visão ou do preconceito de que os psicanalistas não se atentam à sublimação em seus trabalhos clínicos. Acredito que o destino da sublimação está na mira dos psicanalistas, como possível e bem vindouro encaminhamento da cura analítica. Muitas vezes, os efeitos sublimatórios de uma cura prenunciam o fim da análise. Penso, sobretudo, em pacientes melancólicos que após muitos anos de análise, revelam na mudança de seu vestir, nos objetos de consumo e nos tratos higiênicos e estéticos de seu corpo um inédito cuidado de si, além de outros, culturais, como inusitados gostos pela literatura, pelo cinema e pela música aos quais se mostravam no passado avessos ou indiferentes. Esse desvio – como Freud caracteriza a sublimação –ou essas divergências dos destinos pulsionais ou auto- eróticos demonstram transformações de maior valor, dando sentido para sua vida. Trata-se aqui de apropriações novas no mundo psíquico do paciente e que nós creditamos ao trabalho da análise. Jaques André, em seu livro O imprevisto (2004), traz alguns exemplos da sala de análise, onde mudanças que parecem pequenas como quando o paciente passa a poder usar um guarda-chuva, representam uma alteração significativa na vida do paciente, caminhando para o final de sua análise. Essas mudanças inéditas devem ser distinguidas de outras que sucedem a um trabalho de luto na análise a partir do qual o paciente recupera os gostos, e com novo frescor, de suas sublimações já estabelecidas que foram suprimidas durante o seu luto. Nesses casos, a retomada das fruições sublimatórias não coincide, necessariamente, com o sinal de fim da análise.

Palavras-chave: -,

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DOI: 10.5151/iisbsbpsp-11

Referências bibliográficas
  • [1] -
Como citar:

Delouya, Daniel; "Sublimação: um destino possível?", p. 85-90 . In: Anais do II Simpósio Bienal da SBPSP. Fronteiras da Psicanálise: a clínica em movimento. São Paulo: Blucher, 2020.
ISSN 2359-2990, DOI 10.5151/iisbsbpsp-11

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