Trabalho Epidemiológico:

**INTRODUÇÃO:** O Sarampo (SRP) é uma doença viral infectocontagiosa transmitida por secreções respiratórias contaminadas. Em 2016, a Organização Mundial da Saúde declarou a doença eliminada do Brasil após 12 meses sem novos casos. Por outro lado, houveram dois grandes surtos da doença por efeito da diminuição dos níveis de cobertura vacinal (CV) e da reintrodução do vírus por imigrantes, principalmente da Venezuela. Assim, o SRP está causando crescente apreensão pelo aumento dos casos e sua morbiletalidade associada, em especial em crianças. **OBJETIVOS:** Apresentar a correlação existente entre a epidemiologia do SRP e sua cobertura vacinal no Brasil nos últimos 10 anos. **MÉTODOS:** Trata-se de um estudo descritivo e retrospectivo realizado através de dados secundários do Brasil de 2010 a 2019. As informações dos casos de SRP foram obtidas através dos Boletins Epidemiológicos do Ministério da Saúde (MS) e os dados sobre a CV foram adquiridos no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações. Os dados analisados foram organizados de acordo com o registro de casos da doença e da cobertura porcentual das vacinas tríplice viral e tetra viral. **RESULTADOS:** Inicialmente, de 2010 a 2012, o Brasil manteve sua CV acima de 99,5%, mas ainda assim, esse período registrou média de 35,6 casos. Já em 2013, a CV declinou para 70,2%, corroborando com o aumento do número de casos, sendo 213 em 2013 e 876 em 2014. Em resposta ao surto, o MS atingiu 98,6% de CV em 2014, mas a partir desse ano, as porcentagens caíram continuamente até 2018. Já em 2015, a CV foi de 84,5% e houveram 214 casos. Em 2016 e 2017 as CV foram respectivamente de 83,7% e 68,0%, e como não houveram novos casos da doença, o vírus do SRP foi classificado como erradicado do Brasil. Porém, em 2018 iniciou-se o segundo surto da doença com 10.326 casos e CV de 64,5%, e em 2019, com 68,4% de CV total, foram registrados 18.203 casos, sendo o maior número desde 2010. **CONCLUSÃO:** Nesse contexto, a imunização adequada do SRP se faz indispensável para manejo do surto devido a doença ter somente tratamento sintomático, sendo a profilaxia considerada a melhor medida clínica no manuseio da doença. No cenário atual do Brasil, ações como vigília epidemiológica ativa, acordos sociopolíticos para imigrantes com o vírus e a divulgação de informações a respeito da importância da vacinação facilitam o MS a promover medidas mais eficazes, para que, assim como foi em 2015, o SRP não volte a ser motivo de preocupação no Brasil.