Artigo:

O estudo dos interiores é frequentemente descrito como uma disciplina de caráter híbrido, que coincide com outras atividades relacionadas ao espaço e ao objeto. Diversos são os profissionais que atuam com projetos de interiores, em qualquer que seja a escala, sejam arquitetos, designers ou designers de interiores. Por conta dessa característica multidisciplinar e por conter origens que remetem aos ofícios da estofaria e da pintura de paisagens, esta atividade foi sendo percebida ao longo da história como uma atuação amadora e feminina. Esta percepção contribuiu para formar um  preconceito de gênero ligado à decoração de interiores, como decorrência aos processos históricos de longa duração que mantém às mulheres enquanto pertencentes aos domínios dos ambientes privados e domésticos. Por essa razão, ainda que ao longo do tempo a atividade tenha incorporado os aspectos do design, originando o campo do design de interiores, ainda é majoritariamente vista como feminina. Para este seminário, foi selecionado um artigo encontrado no periódico "Revista Doméstica" do ano de 1960, que recomenda o exercício da decoração de interiores como adequada para mulheres e ilustra a manutenção do papel social feminino (mãe, esposa e dona de casa) refletido nesta profissão. A partir da análise desse excerto pretende-se iniciar uma revisão sistemática de literatura sobre as questões de gênero e design de interiores, discutindo a atribuição da profissão como inferior, desprestigiada e atribuída as mulheres. Espera-se contribuir para os estudos em design de interiores e de forma geral para outras pesquisas em design no PPG design USP.