Artigo completo - Open Access.

Idioma principal | Segundo idioma

Políticas Orientadas às Cadeias Globais de Valor: Uma abordagem crítica

Global Value Chain-oriented policies: A Critical Approach

Ferreira, Kethelyn ;

Artigo completo:

Neste artigo analisamos criticamente as políticas orientadas às Cadeias Globais de Valor (CGV), que se fazem presentes na agenda de pesquisa de diversas instituições multilaterais, tais como Banco Mundial, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Organização Mundial do Comércio (OMC) e Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), e buscamos relacioná-las com as proposições pontuadas na década de 80, no conhecido “Consenso de Washington”. Em suma, a proposição dessas instituições é que, ainda que existam riscos associados à inserção dos países em desenvolvimento nas cadeias, existiria uma série de políticas que levariam esses países à uma inserção internacional virtuosa. Nosso objetivo é sublinhar a importância de um planejamento de Estado, da coordenação das políticas de desenvolvimento produtivo e de um Sistema Nacional de Inovação (SNI) robusto no processo de inserção nas CGV. Para isso, ao longo trabalho comparamos a experiência de três países: México, Brasil e China. A partir do exemplo das maquilas mexicanas e da atração da montagem de aparelhos da Apple pela Foxconn no Brasil, argumentamos que as políticas orientadas às CGV podem sim promover um aumento da inserção internacional, contudo, isso não necessariamente deveria ser entendido como algo positivo, nos afastando de interpretações destes como “casos de sucesso”. Em contrapartida, revisamos as estratégias adotadas pelo governo chinês, as quais se concentram primeiramente em um fortalecimento de sua indústria nacional e na promoção de inovação tecnológica e, só depois, visam a promoção da inserção nas cadeias, se afastando das políticas orientadas às CGV.

Artigo completo:

In this article we critically analyze the Global Value Chain (GVC)-oriented policies, which are present in the research agenda of several multilateral institutions, such as the World Bank, Organization for Economic Cooperation and Development (OECD), World Trade Organization (WTO) and the United Nations Conference on Trade and Development (Unctad), and we seek to relate them to the proposals punctuated in the 1980s, in the well-known “Washington Consensus”. In short, the proposition of these institutions is that, although there are risks associated with the insertion of developing countries in the chains, there would be a series of policies that would lead these countries to a virtuous international insertion. Our objective is to underline the importance of State planning, of the coordination of productive development policies and of a robust National Innovation System (SNI) in the process of insertion in GVCs. To this end, throughout the work, we compared the experience of three countries: Mexico, Brazil and China. Based on the example of Mexican maquilas and the attraction of the assembly of Apple devices by Foxconn in Brazil, we argue that policies directed at GVCs can promote an increase in international insertion, however, this should not necessarily be understood as something positive, moving away from interpretations of these as "success stories". On the other hand, we review the strategies adopted by the chinese government, which focus primarily on strengthening their national industry and promoting technological innovation and, only later, aim at promoting insertion in the chains, moving away from policies directed at GVC.

Palavras-chave: Política Industrial; Política Comercial; Cadeias Globais de Valor; Sistema Nacional de Inovação.,

Palavras-chave: Industrial Policy; Comercial Policy; Global Value Chains; National Innovation System.,

DOI: 10.5151/v-enei-629

Referências bibliográficas
  • [1] BALDWIN, R. Trade and industrialization after globalization’s 2ND unbundling: how building and joining a supply chain are different and why it matters, NBER Working Paper 17716, 201
  • [2] BALDWIN, R. Unilateral tariff liberalization, The International Economy, Journal of The Japan Society of International Economics 14, pp 10-43. NBER WP 16600, 2010.
  • [3] BALDWIN, R. WTO 2.0: Global governance of supply chain trade. CEPR Policy Insight N° 64, 2012.
  • [4] BANCO MUNDIAL. World Development Report 2020: Trading for Development in the Age of Global Value Chains, 2020.
  • [5] BARBOZA, D. Before Wisconsin, Foxconn Vowed Big Spending in Brazil. Few Jobs Have Come. The New York Times, 2017. Disponível em:
  • [6] BLOOM, N. et al. Does Management Matter? Evidence from India. Quarterly Journal of Economics, 128 (1): 1–51. 2013.
  • [7] CASSIOLATO et al. As políticas de ciência, tecnologia e inovação na china em china em transformação em China em transformação: dimensões econômicas e geopolíticas do desenvolvimento, 2015.
  • [8] CASSIOLATO, J.; LASTRES, H. Sistemas de Inovação e Desenvolvimento: as Implicações de Política, São Paulo em Perspectivas, vol 19, n. 1, 2005.
  • [9] CIMOLI, M. Developing Innovation Systems: Mexico in a global context. Routledge, 2013.
  • [10] CINTRA, M; PINTO, E. China em transformação: transição e estratégias de desenvolvimento. Brazilian Journal of Political Economy, v. 37, n. 2, p. 381-400, 2017.
  • [11] CORRÊA, L. et al. Mapeamento dos padrões de atuação dos países nas Cadeias Globais de Valor e os ganhos em termos de mudança estrutural. Economia e Sociedade, v. 28, n. 1, p. 89-122, 2019.
  • [12] COSTA, K. et al. Estrutura produtiva e encadeamentos produtivos na era das cadeias globais de valor: uma análise insumo-produto. Blucher Engineering Proceedings, 4(2), 586-604, 2017.
  • [13] CHU, W. Can Taiwan’s second movers upgrade via branding? Research Policy, 38(6), 1054–1065, 2009.
  • [14] CUSOLITO; SAFADI; TAGLIONI. Inclusive Global Value Chains: Policy Options for Small and Medium Enterprises and Low-Income Countries. Directions in Development: Trade Series. Washington, DC: World Bank and Organisation for Economic Co-operation and Development, 2016.
  • [15] DALLE, D. et al. Política industrial: ¿el eslabón perdido en el debate de las Cadenas Globales de Valor? Revista Argentina de Economía Internacional, 2, 3-16, 2013.
  • [16] DE LA CRUZ, J. et al. Estimating Foreign Value-added in Mexico's Manufacturing Exports (pp. 1-33). US Internat. Trade Commission, Office of Economics, 2011.
  • [17] DE MARCHI, V et al. Do Global Value Chains offer Developing Countries learning and innovation opportunities? European Journal of Development Research 30: 424, 2018.
  • [18] DOLLAR, D. et al. Institutional quality and participation in global value chains. Global Value Chain Development Report: Measuring and Analyzing the Impact of GVCs on Economic Development, 2017.
  • [19] ECHANDI, R. Connecting the dots between International Trade & Investment Regulation, in Investment Climate Reform & Development: The World Bank’s Investment Reform Map, Washington, D.C.: The World Bank Group, 2015.
  • [20] FAGERBERG, J. et al. National Innovation Systems, Global Value Chain and Economic Development, European Journal of Development Research 30: 424, 2018.
  • [21] FERNANDEZ-STARK, K.; GEREFFI, G. Global value chain analysis: a primer. In: Handbook on Global Value Chains. Edward Elgar Publishing, 2019.
  • [22] FERREIRA, K. Estratégias de inserção nas Cadeias Globais de Valor: uma análise comparativa entre México e China. In: Anais do Encontro Internacional da Associação Keynesiana Brasileira. Anais. Campinas (SP) IE-UNICAMP, 2020.
  • [23] FREEMAN, C. The ‘National System of Innovation’ in historical perspective. Cambridge Journal of Economics, 19, 5-24, 1995.
  • [24] FURTADO, J. Economia mexicana a partir da substituição de importações: o desenvolvimento e alguns dos seus limites. Em: Padrões de desenvolvimento econômico (1950–2008): América Latina, Ásia e Rússia. – Brasília: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 2013.
  • [25] GEREFFI, G; STURGEON, T. Global Value Chains and Industrial Policy: The Role of Emerging Economies, in Global Value Chains. In: A Changing World 329, eds, 2013.
  • [26] GEREFFI, G. A Global Value Chain Perspective on Industrial Policy and Development in Emerging Markets, 2014.
  • [27] GEREFFI, G. International trade and industrial upgrading in the apparel commoditychain. Journal of international economics, 1999.
  • [28] GEREFFI, G. et al. The governance of global value chains. Review of international political economy, 12(1), 78-104, 2005.
  • [29] GLOBO. Apple vende no Brasil os novos iPhones mais caros do mundo. Por Helton Simões Gomes. 14 de novembro de 2014. Disponível em:
  • [30] GLOBO. Foxconn terá duas fábricas de telas no Brasil—ministro. Por Hugo Bachega. 13 de outubro de 2011. Disponível em:
  • [31] GLOBO. Trabalhadores de empresa de eletrônicos entram em greve. 15 de setembro de 2014. Disponível em:
  • [32] HASLAM, C. et al. Apple’s financial success: The precariousness of power exercised in global value chains. Accounting Forum, 37(4), 268–279, 2013.
  • [33] HERRERA, A. Los determinantes sociales de La política científica en América Latina. Política científica explícita y política científica implícita. Revista REDES Nº 5, Buenos Aires, 1995.
  • [34] HOEKMAN, B.; MATTOO, A. Services Trade and Growth. Policy Research Working Paper 4461, World Bank, Washington, DC, 2008.
  • [35] IEDI. Políticas industriais em países selecionados. São Paulo: 1988.
  • [36] INDUSTRY LEADERS MAGAZINE. Iphone-maker Foxconn considers $12 Billion Brazil expansion move. Por: Richard Meryn. 13 de abril de 2011. Disponível em:
  • [37] ISTO É. O que deu de errado com a Foxconn no Brasil? Por: Machado da Costa. 23 de junho de 2017. Disponível em:
  • [38] ISTO É. Sem sócio brasileiro, fábrica da Foxconn empaca. 17 de setembro de 2014. Disponível em:
  • [39] KOOPMAN, R. et al. Give credit where credit is due: tracing value added in global production chains. NBER Working Paper, no 16426. Cambridge, MA: [s.n.], 2010.
  • [40] LEE, H. et al. Effects of the People's Republic of China's structural change on the exports of East and Southeast Asian economies. Asian Development Bank Economics Working Paper Series, 2016.
  • [41] LEE, K.; SZAPIRO, M.; MAO, Z. From Global Value Chains (GVC) to Innovation Systems for Local Value Chains and Knowledge Creation. European Journal of Development Research, 2017.
  • [42] LUA, J. H. Innovation and Upgrading pathways in the Chinese smartphone production GVC. Journal for Global Business and Community, 11(1), 12-12, 2020.
  • [43] LUNDVALL, B. A. Post Script: Innovation System Research Where it came from and where it might go. The Learning Economy and the Economics of Hope, 223, 2007.
  • [44] MASIERO, G.; COELHO, D. A política industrial chinesa como determinante de sua estratégia going global. Brazilian Journal of Political Economy, 34(1), 139-157, 2014.
  • [45] MEMEDOVIC, O; IAPADRE, L. Structural Change in the World Economy: Main Features and Change, UNIDO, Research and Statistics Branch, Working Paper no. 24, 2009.
  • [46] MENG, X; XUE, S; XUE, J. Consumption and Savings of Migrant Households: 2008–14. China’s New Sources of Economic Growth, p. 159, 2016.
  • [47] MILBERG, W.; WINKLER, D. Outsourcing economics: global value chains in capitalist development. Cambridge University Press, 2013.
  • [48] MORENO-BRID, J. Industrial policy: A missing link in Mexico’s quest for export-led growth. Latin American Policy, 4(2), 216-237, 2013.
  • [49] MORENO-BRID, J. C. et al. El Consenso de Washington: aciertos, yerros y omisiones. Perfiles latinoamericanos, 12(25), 149-168, 2004.
  • [50] MORENO-BRID, J. C; ROS, J. Política social, pobreza y desigualdad. Desarrollo y crecimiento en la economía mexicana: una perspectiva histórica, 274-292, 2010.
  • [51] MORRISON, W. China’s Economic Rise: History, Trends, Challenges, and Implications for the United States, 2019.
  • [52] NATHAN, D.; SARKAR, S. A note on profits, rents and wages in global production networks. Economic and Political Weekly, p. 53-57, 2011.
  • [53] NOGUEIRA, I. Políticas de fomento à ascensão da china nas cadeias de valor globais em china em transformação, 45, 2015.
  • [54] OCAMPO, J. A. Más allá del Consenso de Washington: una agenda de desarrollo para América Latina. Cepal, 2005.
  • [55] OCDE. “Interconnected economies: benefiting from global value chains”. Paris: OECD Publishing, 2013
  • [56] OCDE; OMC; UNCTAD. Implications of global value chains for trade, investment, development and jobs. Prepared for the G-20 Leaders Summit. Saint Petersburg (Russian Federation), 2013.
  • [57] RAMÍREZ, C. Maquiladoras y condiciones laborales. Entre la precariedad y el trabajo digno. El caso de México. Global Labour University, 2007.
  • [58] REUTERS. Brazil's iPhone investment falls short on promises of jobs, lower prices. Por: Brad Haynes. 13 de abril de 2015. Disponível em:
  • [59] SÁNCHEZ JUÁREZ, I. et al. El reto del crecimiento económico en México: industrias manufactureras y política industrial. Revista finanzas y política económica, 8(2), 271-299, 2016.
  • [60] STURGEON, T. et al. O Brasil nas cadeias globais de valor: implicações para a política industrial e de comércio. FUNCEX, RBCE Nº 115, 2013.
  • [61] SZAPIRO, M. et al. Global Value Chains and National Systems of Innovation: Policy implications for developing countries. Texto para Discussão, IE/UFRJ, 2016.
  • [62] SZAPIRO, M; CASSIOLATO, J. Telecommunications system of innovation in Brazil: development and recent challenges. In: The First Globelics Conference Innovation Systems and Development Strategies for the Third Millennium, Rio de Janeiro, 2003.
  • [63] TAGLIONI, D; WINKLER, D. Making global value chains work for development. Washington, D.C.: The World Bank, 2016
  • [64] THE NEW YORK TIMES. Before Wisconsin, Foxconn Vowed Big Spending in Brazil. Few Jobs Have Come. Por: David Barboza. 20 de setembro, 2017. Disponível em:
  • [65] UNCTAD. World investment report 2013. Global value chains: investment and trade for development. New York & Geneva: United Nations, 2013.
  • [66] WANG, X. China’s macroeconomics in the 40 years of reform. Inn: china’s 40 years of reform and development, 167, 2018
  • [67] WETERING, H. et al. Brazil, the new manufacturing hotspot for electronics? Good Electronics, 2015.
  • [68] WILLIAMSON, J. What should the World Bank think about the Washington Consensus? The World Bank Research Observer, 15(2), 251-264, 2000.
  • [69] WILLIAMSON, J. (1990). What Washington means by policy reform. Latin American adjustment: How much has happened, 1, 90-120.
  • [70] ZHANG, J. et al. Patterns of innovation of a successful latecomer firm: a longitudinal analysis of the case of Huawei. In: 2014 IEEE International Conference on Management of Innovation and Technology, 2014.
  • [71] ZHAO, Z. et al. China’s industrial policy in relation to electronics manufacturing. China & World Economy, v. 15, n. 3, p. 33-51, 2007.
Como citar:

Ferreira, Kethelyn; "Políticas Orientadas às Cadeias Globais de Valor: Uma abordagem crítica", p. 228-248 . In: Anais do V Encontro Nacional de Economia Industrial e Inovação (ENEI): “Inovação, Sustentabilidade e Pandemia”. São Paulo: Blucher, 2021.
ISSN 2357-7592, DOI 10.5151/v-enei-629

últimos 30 dias | último ano | desde a publicação


downloads


visualizações


indexações