Artigo completo - Open Access.

Idioma principal | Segundo idioma

Os limites da contribuição da indústria ao desenvolvimento nos períodos Lula e Dilma: a consolidação de uma nova versão do industrialismo periférico?

The limits of the industry's contribution to development in Lula and Dilma periods: the consolidation of a new version of peripheral industrialism?

Diegues, Antônio Carlos ;

Artigo completo:

O objetivo deste artigo é analisar os limites da contribuição da indústria brasileira ao desenvolvimento em dois momentos qualitativamente distintos: o ciclo de relativa pujança entre 2003-2010 e a desaceleração e reversão entre 2011 e 2015. Para tal utiliza-se a metodologia de decomposição estrutural, a fim de se mensurar tal contribuição em três dimensões: (i) produtividade, (ii) salários e remuneração média e (iii) sofisticação das exportações em relação às importações. Como resultados, o artigo traz elementos que sugerem a consolidação de um padrão de organização estrutural da indústria brasileira que limita sua capacidade de contribuição ao desenvolvimento independente dos econômicos domésticos. Esses limites seriam materializados na incapacidade de se engendrar um ciclo de desenvolvimento virtuoso que viabilizasse a reconfiguração da estrutura produtiva. Por fim, conclui-se que estes limites estariam associados ao fenômeno que este artigo sugere que seja interpretado como uma nova versão do industrialismo periférico (e agora regressivo).

Artigo completo:

This paper aims to analyze the limits of the contribution of Brazilian industry to development in in two different moments: the cycle of relative growth between 2003-2010 and the deceleration and reversal between 2011-2015. For this, the structural decomposition methodology is used. through the shif-share technique, in order to measure such contribution in three dimensions: (i) productivity, (ii) wages and average remuneration and (iii) sophistication of exports in relation to imports. The paper suggests the consolidation of a pattern of structural organization of Brazilian industry that limits its capacity to contribute to development, independently of economic cycles. These limits would be materialized in the incapacity to engender a virtuous development cycle that fosters the reconfiguration of the productive structure. Finally, it is concludes that these limits are associated with the phenomenon that this paper suggests to be interpreted as a new version of peripheral (and now regressive) industrialism.

Palavras-chave: Indústria; desenvolvimento; transformação estrutural; periférico,

Palavras-chave: industry; development; structural transformation; peripheral.,

DOI: 10.5151/v-enei-641

Referências bibliográficas
  • [1] ANDREONI A. & CHANG, H.J. (2019). The Political Economy of Industrial Policy: Structural Interdependencies, Policy Alignment and Conflict Management, Special Issue: Frontiers of Industrial Policy: Structures, Institutions and Policies (eds. Andreoni, A., Chang, H.-J. and R. Scazzieri). Structural change and economic dynamics, 48, 136-150.
  • [2] ANDREONI, A., GREGORY, M., (2013). Why and how does manufacturing still matter: old rationales, new realities. Revue d’Economie Industrielle 144 (4), 21–57.
  • [3] ALMEIDA, Julio Sergio Gomes; NOVAIS, Luis Fernando & ROCHA, Marco Antonio (2016). A fragilização financeira das empresas não financeiras no Brasil pós-crise. Campinas: Unicamp. IE, 2011. Texto para Discussão, n. 281.
  • [4] BERGER, S. (2013). Making in America: from innovation to Market, London: The MIT Press, 2013, 264 p.
  • [5] BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. (2008). Doença holandesa e sua neutralização: uma abordagem ricardiana. Doença holandesa e a indústria, Editora da Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro.
  • [6] BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. (2013). The value of the exchange rate and the Dutch disease. Revista de Economia Política, vol. 33, nº 3 (132), pp. 371-387, Julho-Setembro.
  • [7] BRUN, L; GEREFFI, G & ZHAN, J. (2019), The “lightness” of Industry 4.0 lead firms: implications for global value chains, in BIANCHI, P., DURÁN, C.R.& LABORY, S. (EDITORS), Transforming Industrial Policy for the Digital Age - Production, Territories and Structural Change, Edward Elgar Publishing Limited.
  • [8] CARNEIRO, Ricardo. (2002). Desenvolvimento em crise: a economia brasileira no último quarto do século XX. São Paulo: Editora Unesp, IE – Unicamp.
  • [9] CARNEIRO, R. (2018). “Navegando a contravento: Uma reflexão sobre o experimento desenvolvimentista do governo Dilma Rousseff”, in CARNEIRO, R.; BALTAR, P; SARTI, F. (orgs) “Para além da política econômica”, São Paulo: Editora Unesp Digital.
  • [10] CARVALHO, L. Valsa brasileira: do boom ao caos econômico. São Paulo: Todavia, 2018.
  • [11] CEMEC-IBMEC (2014). Análise da Composição do Exigível Financeiro das Companhias Abertas e Fechadas Não Financeiras. IBMEC, São Paulo.
  • [12] CEMEC-IBMEC (2015). Nota CEMEC – Fatores da queda do investimento 2010-2014. IBMEC, SP.
  • [13] CHANG, Há-Joon. (1994) The political economy of industrial policy in Korea. London: Macmillan.
  • [14] CHANG, Há-Joon , Chutando a escada: a estratégia de desenvolvimento em perspectiva histórica, São Paulo, Ed. Unesp 2004
  • [15] COUTINHO, L. C. (1997). A especialização regressiva: Um balanço do desempenho industrial pós-estabilização. In: Velloso, J.P.R. (Org.), Brasil: Desafios de um País em Transformação. José Olympio Editora. Rio de Janeiro.
  • [16] DIEGUES, A.C. & ROSSI, C.G. (2020); Além da desindustrialização: transformações no padrão de organização e acumulação da indústria em um cenário de ‘Doen}ça Brasileira’. Economia e Sociedade, V. 29 N. 1 JAN./ABR. [68]
  • [17] DIEGUES, A.C. & ROSELINO, J.E. (2019). Indústria 4.0 e as redes globais em serviços intensivos tecnologia: apontamentos sobre política industrial e considerações para o caso brasileiro. Texto para Discussão (356) do Instituto de Economia da UNICAMP.
  • [18] FURTADO, Celso. “Desenvolvimento e Subdesenvolvimento” (1961). In BIELSCHOWSKY, Ricardo (org). Cinquenta anos de pensamento na CEPAL, vol. I. Rio de Janeiro, Cofecon-Cepal; Record, 2000.
  • [19] GERSCHENKRON, Alexander. “El atraso económico en su perspectiva histórica”. In: GERSCHENKRON, A. El atraso económico en su perspectiva histórica. Barcelona, Ariel, 1973.
  • [20] HAMILTON, Alexander (1791). Report on Manufactures.
  • [21] HIRSCHMAN, Albert. (1958). The Strategy of Economic Development. New Haven: Yale University Press. Vol. 10.
  • [22] HIRATUKA, Célio.; ROCHA, Marco. Antonio. (2015) Grandes grupos no Brasil: estratégias e desempenho nos anos 2000. Brasília: Ipea. (Texto de Discussão).
  • [23] HIRATUKA, Célio ; SARTI, Fernando. (2015). Transformações na estrutura produtiva global, desindustrialização e desenvolvimento industrial no Brasil: uma contribuição ao debate. Campinas: Unicamp. IE. Texto para Discussão, n. 290.
  • [24] KALDOR, Nicholas. (1966). Causes of the slow rate of economic growth of the United Kingdom. Cambridge: Cambridge University Press.
  • [25] KALDOR, Nicholas. (1967). Problems of Industrialization in Underdeveloped Countries. Ithaca: Cornell University Press.
  • [26] LEWIS, W. A. O desenvolvimento econômico com oferta ilimitada da mão-de-obra. In: AGARWAZA, A. N., SINGH, S. P. (Coord.) A economia do subdesenvolvimento.SP: Forense, 1969.
  • [27] LIST, Georg F. (1841) Sistema nacional de economia política. São Paulo: Nova Cultural, 1989.
  • [28] MCMILLAN, M. S.; RODRIK, D. Globalization, structural change and productivity growth. National Bureau of Economic Research, 2011.
  • [29] MELLO, G. e ROSSI, P. (2018). “Do industrialismo à austeridade: a política macro dos governos Dilma”, in in CARNEIRO, R.; BALTAR, P; SARTI, F. (orgs) (2018) “Para além da política econômica”, São Paulo: Editora Unesp Digital.
  • [30] MORCEIRO, Paulo (2012). Desindustrialização na economia brasileira no período 2000-2011: abordagens e indicadores. Dissertação (Mestrado em Economia)– Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Letras, Campus de Araraquara, Araraquara.
  • [31] MORCEIRO, Paulo (2018). A indústria brasileira no limiar do século XXI: uma análise da sua evolução estrutural, comercial e tecnológica. Tese de Doutorado – Universidade de São Paulo, SP.
  • [32] ORGANIZATION FOR ECONOMIC COOPERATION AND DEVELOPMENT. Structural adjustment and economic performance. Paris: Organization for Economic Cooperation and Development, 1987. 371 p.
  • [33] OREIRO, José Luís; FEIJÓ, Carmem. (2010). Desindustrialização: conceituação, causas, efeitos e o caso brasileiro. Revista de Economia Política, vol. 30, nº 2 (118), p. 219-232.
  • [34] O’SULLIVAN, E.; ANDREONI, A.; LÓPEZ-GÓMEZ, C.; GREGORY, M. (2013). What is new in the new industrial policy? A manufacturing systems perspective. Oxford Review of Economic Policy, Volume 29, Number 2, pp. 432–462.
  • [35] PALMA, José Gabriel. (2005). Quatro fontes de desindustrialização e um novo conceito de doença holandesa. In Conferência de Industrialização, desindustrialização e desenvolvimento. Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.
  • [36] PAVITT, K. Sectoral patterns of technical change: towards a taxonomy and a theory. Research Policy, n.13, p. 343-373, 1984.
  • [37] PINTO, Aníbal (1970) “Natureza e implicações da ´heterogeneidade estrutural na América Latina”. In: BIELSCHOWSKY, Ricardo (org). Cinquenta anos de pensamento na CEPAL, vol. I. Rio de Janeiro, Cofecon-Cepal; Record, 2000.
  • [38] PREBISCH, Raul (1949). “O desenvolvimento econômico da América Latina e alguns de seus principais problemas”. In: BIELSCHOWSKY, Ricardo (org). Cinquenta anos de pensamento na CEPAL, vol. I. Rio de Janeiro, Cofecon-Cepal; Record, 2000.
  • [39] ROCHA, Marco Antônio (2015). Transformações produtivas e patrimoniais no Brasil pós-crise in Dimensões estratégicas do desenvolvimento brasileiro, vol 4. CGEE, Brasília.
  • [40] RODRIK, Dani. (2007) One Economics, Many Recipes: Globalization, Institutions, and Economic Growth, Princeton University Press, New Jersey.
  • [41] ROSENSTEIN-RODAN, Paul N. “Problemas de industrialização da Europa do Leste e do Sudeste” (1943). In: AGARWALA, A. N. & SINGH, S. P., op. cit.
  • [42] ROSTOW, Walt W. “A decolagem para o crescimento autossustentado” (1956). In: AGARWALA, A. N. & SINGH, S. P., op. Cit
  • [43] SARTI, Fernando; HIRATUKA, Célio. (2011) Desenvolvimento industrial no Brasil: oportunidades e desafios futuros. Campinas: Unicamp. IE, 2011. Texto para Discussão, n. 187.
  • [44] SARTI, Fernando; HIRATUKA, Célio. (2017) Desempenho recente da indústria brasileira no contexto de mudanças estruturais domésticas e globais. Campinas: Unicamp. IE. TD290.
  • [45] SCHUMPETER, J. (1942). Capitalismo, socialismo e democracia. São Paulo: Abril Cultural.
  • [46] SINGER, A. (2015). Cutucando onças com varas curtas. O ensaio desenvolvimentista no primeiro mandato de Dilma Roussef (2011-2014). Novos Estudos 102, pp. 43-71, julho.
  • [47] THIRLWALL, Anthony Philip. (1983). A plain man’s guide to Kaldor’s growth laws. Journal of Post Keynesian Economics. 5(3), 345-358.
  • [48] TIMMER, Marcel P., and J. de VRIES, G.J. (2009), “Structural Change and Growth Accelerations in Asia and Latin America: A New Sectoral Data Set,” Cliometrica, vol 3 (issue 2), 2009.
  • [49] UNITED NATIONS CONFERENCE ON TRADE AND DEVELOPMENT – UNCTAD. Trade and Development Report: Structural transformation for inclusive and sustained growth. United Nations: New York and Geneva, 2016.
Como citar:

Diegues, Antônio Carlos; "Os limites da contribuição da indústria ao desenvolvimento nos períodos Lula e Dilma: a consolidação de uma nova versão do industrialismo periférico?", p. 407-424 . In: Anais do V Encontro Nacional de Economia Industrial e Inovação (ENEI): “Inovação, Sustentabilidade e Pandemia”. São Paulo: Blucher, 2021.
ISSN 2357-7592, DOI 10.5151/v-enei-641

últimos 30 dias | último ano | desde a publicação


downloads


visualizações


indexações