Artigo completo - Open Access.

Idioma principal | Segundo idioma

O TRABALHO NO COMPLEXO ECONÔMICO INDUSTRIAL DA SAÚDE NO BRASIL: ALGUMAS EVIDÊNCIAS

Workforce in the health economic-industrial complex in Brazil: some evidences

Rodrigues, Camila Lins ; Araújo, Juliana Bacelar de ;

Artigo completo:

Este trabalho buscou analisar as principais características da força de trabalho em saúde no Brasil a partir do recorte do complexo econômico industrial da saúde (CEIS). Esta perspectiva de análise do setor saúde engloba tanto as instituições responsáveis pela oferta de serviços de saúde, quanto as indústrias produtoras de tecnologias médicas, corroborando a visão de que o setor saúde pode contribuir tanto para o bem-estar da população quanto para o desenvolvimento econômico, a partir da geração de renda, emprego e inovações tecnológicas. Estudos sobre essa temática mostram-se relevantes já que o Brasil possui, de forma estratégica, grande potencial de produção científica na área de saúde que, atualmente, é subaproveitado pelas indústrias médicas. Além disso, o país conta com um sistema público e universal de saúde com grande capacidade de absorção de mão-de-obra. Desta forma, o complexo da saúde configura-se como uma janela de oportunidade para o desenvolvimento do país, sendo necessária a compreensão das dificuldades estruturais e políticas enfrentadas para sua construção. Tendo como foco, portanto, a força de trabalho do complexo da saúde, este estudo buscou estimar a dimensão desta força de trabalho e algumas particularidades de suas relações de trabalho. As informações foram retiradas da base de dados da PNAD-IBGE, para os anos de 2004, 2011, 2014 e 2015, respectivamente. A escolha desses anos em específico foi motivada pela tentativa de mensurar a dinâmica da força de trabalho em saúde no cenário de crescimento econômico, realização de investimentos e estabilidade que caracterizou a economia do país até 2015. O estudo revelou a importância crescente do complexo da saúde para a geração de emprego no país nos últimos anos, mas com algumas particularidades. Destacam-se o peso do setor público na contratação destes trabalhadores, a concentração desta força de trabalho na região Sudeste e a baixa participação das indústrias médicas na empregabilidade destes profissionais, em comparação com o setor de serviços. Concluiu-se pela necessidade de elaboração de políticas que contemplem esta força de trabalho e fortaleçam a construção do CEIS, visto que este segmento econômico constitui-se como importante estratégia para o desenvolvimento dos sistemas de bem-estar e inovação no Brasil.

Artigo completo:

This paper aimed to analyze the main characteristics of the health workforce in Brazil from the perspective of the health economic-industrial complex (CEIS). This perspective of analysis of the health sector encompasses both the institutions responsible for the provision of health services and the industries that produce medical technologies, corroborating the view that the health sector can contribute both to the well-being of the population and to economic development, from the generation of income, employment and technological innovations. Studies on this theme are relevant since Brazil has, in a strategic way, a great potential for scientific production in the health area, which is currently underutilized by the medical industries. In addition, the country has a public and universal health system with a large capacity for absorbing labor. In this way, the health complex is configured as a window of opportunity for the development of the country, and it is necessary to understand the structural and political difficulties faced for its construction. Therefore, focusing on the workforce of the health complex, this study sought to estimate the size of this workforce and some particularities of their work relationships. The information was taken from the PNAD-IBGE database for the years 2004, 2011, 2014 and 2015, respectively. The choice of these specific years was motivated by the attempt to measure the dynamics of the health workforce in the scenario of economic growth, investment and stability that characterized the country's economy until 2015. The study revealed the growing importance of the health complex for job creation in the country in recent years, but with some peculiarities. We highlight the weight of the public sector in the hiring of these workers, the concentration of this workforce in the Southeast region and the low participation of the medical industries in the employability of these professionals, in comparison with the service sector. It was concluded that there is a need for the elaboration of policies that contemplate this workforce and strengthen the construction of CEIS, since this economic segment constitutes an important strategy for the development of welfare and innovation systems in Brazil.

Palavras-chave: complexo econômico industrial da saúde; força de trabalho em saúde; Brasil,

Palavras-chave: health economic-industrial complex; health workforce; Brazil,

DOI: 10.5151/v-enei-791

Referências bibliográficas
  • [1] ALBUQUERQUE, Eduardo; CASSIOLATO, José Eduardo. As especificidades do sistema de inovação do setor saúde: uma resenha da literatura como introdução a uma discussão sobre o caso brasileiro, FeSBE. São Paulo: 2000 (Estudos FeSBE I).
  • [2] COSTA, Laís; BAHIA, Lígia. Inovação nos serviços de saúde: geração e trajetórias, in: Saúde Amanhã, Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro: 2015 (Textos para discussão nº 9).
  • [3] COSTA, Laís; GADELHA, Carlos Augusto; BORGES, Taís; BURD, Paula; MALDONADO, José; VARGAS, Marco. A dinâmica inovativa para a reestruturação dos serviços de saúde, in: Revista de Saúde Pública, vol. 46 (supl. 1). São Paulo: 2012.
  • [4] COSTA, Laís; GADELHA, Carlos Augusto; MALDONADO, José; VARGAS, Marco; QUENTAL, Cristiane. Análise do subsistema de serviços em saúde na dinâmica do complexo econômico-industrial da saúde, in: A saúde no Brasil em 2030 - prospecção estratégica do sistema de saúde brasileiro: desenvolvimento produtivo e complexo da saúde, v. 5, Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro: 2013.
  • [5] DEDECCA, Cláudio. O trabalho no setor saúde, in: São Paulo em Perspectiva, v.22, n.2, p.87-103, 2008.
  • [6] DEDECCA, Cláudio; TROVÃO, Cassiano. A força de trabalho no complexo da saúde: vantagens e desafios, in: Ciência e Saúde Coletiva, v.18, n.6, p.555-1567. Rio de Janeiro: 2013.
  • [7] GADELHA, Carlos Augusto. O complexo industrial da saúde e a necessidade de um enfoque dinâmico na economia da saúde, in: Ciência e saúde coletiva, v. 8, n.2, p. 521-535, Rio de Janeiro: 2003.
  • [8] GADELHA, Carlos Augusto. Desenvolvimento, complexo industrial da saúde e política industrial, in: Revista de Saúde Pública, v. 40, p. 11-23. São Paulo: 2006.
  • [9] GADELHA, Carlos Augusto (coord.). A dinâmica do sistema produtivo da saúde: inovação e complexo econômico-industrial, Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro: 2012.
  • [10] GADELHA, Carlos Augusto; BRAGA, Patrícia. Saúde e inovação: dinâmica econômica e Estado de Bem-Estar Social no Brasil, in: Cadernos de Saúde Pública, v. 32 (supl. 2). Rio de Janeiro: 2016.
  • [11] GADELHA, Carlos Augusto; COSTA, Laís; MALDONADO, José. O complexo econômico-industrial da saúde e a dimensão social e econômica do desenvolvimento, in: Revista de Saúde Pública, n. 46 (supl.). São Paulo: 2012.
  • [12] GADELHA, Carlos Augusto; QUENTAL, Cristiane; FIALHO, Beatriz. Saúde e inovação: uma abordagem sistêmica das indústrias da saúde, in: Cadernos de Saúde Pública, v. 19, n.1, Rio de Janeiro: 2003.
  • [13] GADELHA, Carlos Augusto; TEMPORÃO, José. Desenvolvimento, inovação e saúde: a perspectiva teórica e política do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, in: Ciência e saúde coletiva, v. 23, n. 6, p.1891-1902, Rio de Janeiro: 2018.
  • [14] GIRARDI, Sábado; CARVALHO, Cristiana. Contratação e qualidade do emprego no Programa de Saúde da Família no Brasil, in: Ministério da Saúde (org.), Observatório de Recursos Humanos em Saúde no Brasil: estudos e análises, Editora Fiocruz. Rio de Janeiro: 2003.
  • [15] GIRARDI, Sábado; MAAS, Lucas (orgs.). Informações sobre o mercado de trabalho em saúde: conceitos, bases de dados e indicadores. Estação de Pesquisa de Sinais de Mercado de Trabalho. NESCON/UFMG. Belo Horizonte: 2013.
  • [16] INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE: Classificação Brasileira de Ocupações (CBO Domiciliar), consultado em 2019.
  • [17] INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE: Classificação Nacional das Atividades Econômicas (CNAE Domiciliar), consultado em 2019.
  • [18] INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE: Conta Satélite de Saúde, consultado em 2019.
  • [19] INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE: Microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), consultado em 20
  • [20] NOGUEIRA, Roberto. A força de trabalho em saúde, in: Revista de Administração Pública, v.17, n.3, p.61-70, jul./set. Rio de Janeiro: 1983.
  • [21] NOGUEIRA, Roberto; GIRARDI, Sábado. O perfil do emprego na Função Saúde. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (mimeo). Brasília: 1999.
  • [22] SCHUMPETER, Joseph. Capitalismo, Socialismo, Democracia. Londres: 1976.
Como citar:

Rodrigues, Camila Lins; Araújo, Juliana Bacelar de; "O TRABALHO NO COMPLEXO ECONÔMICO INDUSTRIAL DA SAÚDE NO BRASIL: ALGUMAS EVIDÊNCIAS", p. 2358-2380 . In: Anais do V Encontro Nacional de Economia Industrial e Inovação (ENEI): “Inovação, Sustentabilidade e Pandemia”. São Paulo: Blucher, 2021.
ISSN 2357-7592, DOI 10.5151/v-enei-791

últimos 30 dias | último ano | desde a publicação


downloads


visualizações


indexações