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Segundo Soren Kierkegaard a moral identificando-se ao geral, por sua vez, corresponde ao divino,posição reconhecidamente hegeliana. O dever torna-se então o limite axiomático por onde o indivíduo serelaciona com Deus. Contudo, relacionar-se com a norma estabelece uma diferença qualitativa, tornando arelação uma falsificação, posto que não há equivalência entre Deus e a norma geral. Por outro lado, o indivíduo,ao se relacionar com o geral, também se perde como indivíduo. A alteridade em relação ao geral torna-se entãoa condição tanto para uma efetiva relação com Deus, como para uma relação do indivíduo consigo mesmo. Essaalteridade é compreendida por Kierkegaard como uma suspensão teleológica e posteriormente umaressignificação das categorias como moralidade, dever e divino. O político, a partir de uma perspectivahegeliana, atravessa essa relação com o geral, e por isso mesmo, é ambicionado pelo projeto de suspensãoteleológica de Soren Kierkegaard. Suspensão teleológica que para o filósofo dinamarquês é reconhecida comoironia. Para tanto, na determinação de seu conceito de ironia, evoca a personalidade de Sócrates. É inevitáveluma designação pontual da relação irônica entre tal personalidade com o Estado e o político. A personalidadede Sócrates evoca, assim, ironicamente, uma oposição, não apenas entre objetividade e subjetividade, exteriore o interior, contudo, também, entre o social enquanto relação espontânea e ocasional entre os indivíduos e opolítico enquanto instrumento de coesão para a formação da multidão. Partindo da relação entre Sócrates e oEstado grego, apontado por Kierkegaard como irônica, e reconhecendo nessa relação uma suspensãoteleológica, o presente trabalho procura estabelecer os critérios indicados por Kierkegaard para taldeterminação.