Outubro 2020 vol. 6 num. 4 - XXII Jornada Cone Sul de Reumatologia

Resumo - Open Access.

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Imunização: fator de confusão ou de agravamento em miopatia inflamatória paraneoplásica?

Imunização: fator de confusão ou de agravamento em miopatia inflamatória paraneoplásica?

Biegelmeyer, E ; Berlet, EA ; Guntzel, PLC ; Gerhardt, S ; Grill, ER ; Timm, VE ; Farani, JB ; Keiserman, MW ;

Resumo:

OBJETIVO Relato de miopatia inflamatória (MI) com piora sintomática após vacina contra H1N1. CASO Homem branco de 55 anos, com histórico de obesidade, hipertensão, diabetes mellitus tipo 2, doença renal crônica. Iniciou com dor proximal em membros inferiores (MMII) com piora ao levantar da cadeira. Quinze dias após vacina contra H1N1, desenvolveu progressiva fraqueza proximal de MMII e superiores (MMSS), restringindo-o ao leito. Em 30 dias de evolução surgiram lesões cutâneas. À internação, apresentava distrofia cuticular, lesões eritemato-violáceas em região infra-orbitária, manchas hiperemiadas descamativas em interfalangianas distais e região flexora do braço esquerdo. Havia comprometimento simétrico de força em musculatura proximal de MMIII e MMSS. Laboratorialmente, havia aumento de PCR 18,7, VHS 140, CPK 5690, LDH 621 e aldolase 30. FAN 1/10240 padrão nuclear pontilhado fino denso. Fator Reumatóide, anti-Ro/anti-La, Anti-SM, Anti-DNA e Anti-Jo negativos. RNM de coxas demonstrou edema muscular agudo. Biópsia muscular: infiltrado linfocitário de predomínio intersticial com CD4 e CD8, sem vasculite, corpúsculos de inclusão e necrose. Investigação de neoplasias negativa, hipótese de dermatomiosite (DM) secundária a vacina. Recebeu pulsoterapia de metilprednisolona e manutenção com Azatioprina. Houve melhora de provas inflamatórias, enzimas musculares e dor. No seguimento ambulatorial manteve fraqueza muscular residual. Apresentou elevação recente de PSA, sugerindo neoplasia de próstata. Dois meses após a alta, evoluiu a óbito por provável evento tromboembólico. DISCUSSÃO O conjunto de achados clínicos, biópsia e resposta a tratamento fortalecem a hipótese de DM. A associação entre vacinação e MI é controversa. Há relatos de caso sobre desenvolvimento do quadro secundário à vacinação, embora estudos epidemiológicos não tenham evidenciado aumento da incidência de MI após campanhas de vacinação [Stübgen,2014]. Todavia, um estudo retrospectivo mostrou que 24% dos casos de miopatias ocorrem após vacinação [Limaye,2017]. Considerando a limitação das evidências, não se pode ignorar a possibilidade de adjuvantes nas vacinas se comportarem como gatilho ou fator de agravamento de doenças autoimunes. CONCLUSÃO Este caso suscita se há interferência do adjuvante de vacina no curso dos sintomas de uma doença autoimune em evolução. Reforça, ainda, a importância da vigilância de neoplasias no período pós diagnóstico de DM, mesmo que haja outra possível etiologia.

Resumo:

OBJETIVO Relato de miopatia inflamatória (MI) com piora sintomática após vacina contra H1N1. CASO Homem branco de 55 anos, com histórico de obesidade, hipertensão, diabetes mellitus tipo 2, doença renal crônica. Iniciou com dor proximal em membros inferiores (MMII) com piora ao levantar da cadeira. Quinze dias após vacina contra H1N1, desenvolveu progressiva fraqueza proximal de MMII e superiores (MMSS), restringindo-o ao leito. Em 30 dias de evolução surgiram lesões cutâneas. À internação, apresentava distrofia cuticular, lesões eritemato-violáceas em região infra-orbitária, manchas hiperemiadas descamativas em interfalangianas distais e região flexora do braço esquerdo. Havia comprometimento simétrico de força em musculatura proximal de MMIII e MMSS. Laboratorialmente, havia aumento de PCR 18,7, VHS 140, CPK 5690, LDH 621 e aldolase 30. FAN 1/10240 padrão nuclear pontilhado fino denso. Fator Reumatóide, anti-Ro/anti-La, Anti-SM, Anti-DNA e Anti-Jo negativos. RNM de coxas demonstrou edema muscular agudo. Biópsia muscular: infiltrado linfocitário de predomínio intersticial com CD4 e CD8, sem vasculite, corpúsculos de inclusão e necrose. Investigação de neoplasias negativa, hipótese de dermatomiosite (DM) secundária a vacina. Recebeu pulsoterapia de metilprednisolona e manutenção com Azatioprina. Houve melhora de provas inflamatórias, enzimas musculares e dor. No seguimento ambulatorial manteve fraqueza muscular residual. Apresentou elevação recente de PSA, sugerindo neoplasia de próstata. Dois meses após a alta, evoluiu a óbito por provável evento tromboembólico. DISCUSSÃO O conjunto de achados clínicos, biópsia e resposta a tratamento fortalecem a hipótese de DM. A associação entre vacinação e MI é controversa. Há relatos de caso sobre desenvolvimento do quadro secundário à vacinação, embora estudos epidemiológicos não tenham evidenciado aumento da incidência de MI após campanhas de vacinação [Stübgen,2014]. Todavia, um estudo retrospectivo mostrou que 24% dos casos de miopatias ocorrem após vacinação [Limaye,2017]. Considerando a limitação das evidências, não se pode ignorar a possibilidade de adjuvantes nas vacinas se comportarem como gatilho ou fator de agravamento de doenças autoimunes. CONCLUSÃO Este caso suscita se há interferência do adjuvante de vacina no curso dos sintomas de uma doença autoimune em evolução. Reforça, ainda, a importância da vigilância de neoplasias no período pós diagnóstico de DM, mesmo que haja outra possível etiologia.

Palavras-chave: Miopatia inflamatória; Dermatomiosite; Vacina,

Palavras-chave: Miopatia inflamatória; Dermatomiosite; Vacina,

DOI: 10.5151/xxiijcsr2020-PO3

Referências bibliográficas
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Como citar:

Biegelmeyer, E; Berlet, EA; Guntzel, PLC; Gerhardt, S; Grill, ER; Timm, VE; Farani, JB; Keiserman, MW; "Imunização: fator de confusão ou de agravamento em miopatia inflamatória paraneoplásica?", p. 4 . In: Anais da XXII Jornada Cone Sul de Reumatologia. São Paulo: Blucher, 2020.
ISSN 2357-7282, DOI 10.5151/xxiijcsr2020-PO3

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