Artigo - Open Access.

Idioma principal | Segundo idioma

Financiamento internacional da economia do hidrogênio: uma visão a partir dos países importadores

International funding of the hydrogen economy: a view from importing countries

Ramos, Caroline Chantre ; Cantarino, Vinicius Botelho Pimenta ; Aquino, Thereza Cristina Nogueira de ; Castro, Nivalde José de ; Sena, Allyson Thomas Oliveira de ;

Artigo:

Nos últimos anos, a necessidade de redução das emissões dos gases de efeito estufa (GEE) impulsionaram a busca dos países por soluções de baixa intensidade de carbono. Com a aceleração da transição energética, a queda expressiva de custos de fontes de geração de energia renováveis e a expectativa de redução dos custos dos eletrolisadores, o hidrogênio tem sido amplamente discutido, em sua rota de produção verde (i.e., através da eletrólise da água, sem emissões de GEE), como um vetor energético capaz de auxiliar os países no atingimento das metas estabelecidas no Acordo de Paris. A descarbonização é, portanto, elemento-chave da centralidade do hidrogênio no período recente. A estruturação da economia do hidrogênio a nível global tem como característica central a necessidade de política industrial norteadora e, simultaneamente, engajamento de múltiplos stakeholders, associados à versatilidade de aplicações desse vetor energético. As estratégias e planos de ação voltados ao hidrogênio verde, já desenvolvidos por cerca de 30 países, adquirem contornos geopolíticos, à medida que este mercado emergente se consolida. A valoração de especificidades regionais, a necessidade de redução da dependência de importações e, simultaneamente, a visualização de vantagens estratégicas no mercado em formação são elementos basilares da visão de longo prazo dos países. Nesse sentido, novas relações comerciais emergem, com questões econômicas e estratégicas particulares. Com ênfase no desenvolvimento do hidrogênio verde a nível global, o presente artigo objetiva analisar a dinâmica internacional em curso a partir dos países importadores, notadamente Alemanha e Japão, destacando o papel das políticas públicas e financiamento. Simultaneamente, são delineadas perspectivas iniciais para a América Latina, com destaque para o Chile e o Brasil, em função de sua atuação potencial enquanto exportador de hidrogênio. Para tal, o artigo realiza uma revisão da literatura acerca da economia do hidrogênio e sua dinâmica internacional, visando compreender os contornos gerais desse mercado. Como arcabouço teórico, as políticas orientadas por missão demonstram um arcabouço adequado à análise da economia do hidrogênio, cuja motivação – ou missão, neste caso – resulta da transição energética. Em paralelo, empreendeu-se uma pesquisa documental, focada na compreensão das estratégias dos países selecionados e suas principais políticas. O artigo aponta, como resultado central, que o desenvolvimento da economia do hidrogênio exige ampla coordenação dos stakeholders e uma vasta política industrial, que integre os setores e agentes em uma abordagem que combina elementos top-down e bottom-up. Além disso, os investimentos e a estrutura de financiamento são considerados uma importante lacuna para o hidrogênio verde, embora a recuperação econômica pós-pandemia e a cooperação internacional tenham acelerado o desenvolvimento desses requisitos. A experiência da Alemanha e do Japão oferecem importantes subsídios para a análise de estratégias voltadas ao desenvolvimento do mercado e garantia de atendimento à demanda. Por outro lado, a América Latina apresenta evidências de uma potencial região exportadora que poderia se beneficiar de custos de produção reduzidos, em função da disponibilidade de renováveis, para desenvolver uma cadeia produtiva especializada, descarbonizada e estratégica para as economias de baixo carbono.

Artigo:

In the past few years, the need to reduce greenhouse gas (GHG) emissions has driven countries' search for low carbon intensity solutions. With the acceleration of the energy transition, the significant drop in costs of renewable energy generation sources, and the expectation of reducing the costs of electrolyzers, hydrogen has been widely discussed, in its green production route (i.e., through the electrolysis of water, without GHG emissions), as an energy vector capable of assisting countries in achieving the goals established in the Paris Agreement. Decarbonization is therefore a key element of hydrogen's centrality in the recent period. The structuring of the hydrogen economy at a global level has as a central characteristic the need for a guiding industrial policy and, simultaneously, the engagement of multiple stakeholders, associated with the versatility of applications of this energy vector. The strategies and action plans for green hydrogen, already developed by about 30 countries, acquire geopolitical contours as this emerging market consolidates. The valuation of regional specificities, the need to reduce dependence on imports and, simultaneously, the visualization of strategic advantages in the emerging market are basic elements of the countries' long-term vision. In this sense, new commercial relations emerge, with particular economic and strategic issues. With emphasis on the development of green hydrogen at the global level, this article aims to analyze the international dynamics underway in importing countries, notably Germany and Japan, highlighting the role of public policies and financing. Simultaneously, initial perspectives for Latin America are outlined, with emphasis on Chile and Brazil, due to their potential role as hydrogen exporters. For this purpose, the article carries out a literature review concerning the hydrogen economy and its international dynamics aiming at understanding the general contours of this market. As the theoretical framework, mission-oriented policies provide an adequate framework for the analysis of the hydrogen economy, whose motivation - or mission, in this case - results from the energy transition. In parallel, documental research was undertaken, focused on understanding the strategies of the selected countries and their main policies. The article points out, as a central result, that the development of the hydrogen economy requires broad stakeholder coordination and a broad industrial policy that integrates sectors and agents in an approach that combines top-down and bottom-up elements. In addition, investment and financing structure is considered a major gap for green hydrogen, although the post-pandemic economic recovery and international cooperation have accelerated the development of these requirements. The experience of Germany and Japan offer important subsidies for the analysis of strategies aimed at developing the market and assuring demand fulfillment. On the other hand, Latin America presents evidence of a potential exporting region that could benefit from reduced production costs, due to the availability of renewables, to develop a specialized production chain, decarbonized and strategic for low carbon economies.

Palavras-chave: Economia do hidrogênio; Descarbonização; Políticas públicas; Financiamento,

Palavras-chave: Hydrogen economy; Decarbonization; Public policies; Funding,

DOI: 10.5151/vi-enei-838

Referências bibliográficas
  • [1] ABStartups– Associação brasileira de startups. O momento da startup brasileira e o futuro do ecossistema de inovação, 2018.
  • [2] ÁCS, Z.; AUTIO, E.; SZERB, L. National Systems of Entrepreneurship: Measurement issue and policy implications. Research Policy 43, p. 476-494, Elselvier, 2014.
  • [3] AUTIO, E. et al. Analysis of the Brazilian Entrepreneurial Ecosystem. Empreendedorismo e Inovação 14 (37), p. 5-36, 2016.
  • [4] CONTENT, J. et al. Entrepreneurial ecosystems, entrepreneurial activity and economic growth: new evidence from European regions. Regional Studies 54, p. 1-13, 2019.
  • [5] CORRENTE, S. et al. Evaluating and comparing entrepreneurial ecosystems using SMAA and SMAA-S. J Technology Transfer 44, p. 485-519, 2019.
  • [6] EUROSTAT. Eurostat, 2022. Disponível em: https://ec.europa.eu/eurostat/web/nuts/background. Acesso em 17/02/2022.
  • [7] FERRAZ, J.C; PAULA, G.M; KUPFER, D. Política Industrial. In: KUPFER, D;HASENCLEVER, L. Economia Industrial: Fundamentos Teóricos e Práticas no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 2013. Cap.24
  • [8] LA ROVERE, R. L.; SANTOS, G. de O.; DUTRA, L. B.; PEREIRA, K. A. Políticas evolucionárias de apoio ao empreendedorismo: o caso do Rio de Janeiro. Revista de Empreendedorismo e Inovação Sustentáveis, Rio de Janeiro, v.6, n.1, p.100-121, 2021.
  • [9] LEENDERSTSE, J.; SCHRIJVERS, M.; STAM, E. Measure Twice, Cut Once. Entrepreneurial Ecosystem Metrics. Working Paper Series, Utretch, v. 20, n. 1, p. 1-66, fev. 2020.
  • [10] LIGUORI, E. et al. Development of a multi-dimensional measure for assessing entrepreneurial ecosystems. Entrepreneurship & Regional Development 31, 2019.
  • [11] ISENBERG, D. J. The big idea: How to start an entrepreneurial revolution. Harvard Business Review, v.88, n.6, p. 40-50, 2010.
  • [12] ISENBERG, D. J. The Entrepreneurship Ecosystem Strategy as a New Paradigm for Economic Policy: Principles for Cultivating Entrepreneurship. Paper Presented at the Institute of International European Affairs, Dublin, Ireland, 2011.
  • [13] MALERBA, F. TORRISI, S. La Politica Pubblica. In: MALERBA, F.(org.) Economia dell´Innovazione. 9 ed. Roma: Carocci Editore, 2009.
  • [14] MULDOON, J.; BAUMAN, A. LUCY, C. Entrepreneurial ecosystem: do you trust or distrust?. Journal of Enterprising Communities: People and Places in the Global Economy, Online, v.12, n.12, p. 158-177, 2018.
  • [15] OCDE. OECD Indicators of entrepreneurial determinants, 2021. Disponível em: http://www.oecd.org/industry/business-stats/indicatorsofentrepreneurialdeterminants.htm. Acesso em 19/02/2022.
  • [16] O’CONNOR, A. et al. Entrepreneurial Ecosystems: Place Based Transformations and Transitions. International Studies in Entrepreneurship 38, Springer International Publishing AG, 2018.
  • [17] OLIVEIRA, C. A. A. et al. O Ecossistema Empreendedor Brasileiro de Start-ups: Uma análise dos determinantes do empreendedorismo no Brasil a partir dos pilares da OCDE. Fundação Dom Cabral, Nova Lima, 2013.
  • [18] PINTO, E C. Estado do Rio de Janeiro em Convulsão: economia do petróleo, crise fiscal, e avanço das milícias. In: AZEVEDO, José Sérgio G. de; POCHMANN, Marcio. (orgs.). In: Brasil: incertezas e submissão?,Editora Fundação Perseu Abramo. São Paulo: 2019, p. 339-356.
  • [19] ROUNDY, P. T.; BAYER, M. A. Entrepreneurial ecosystem narratives and the micro-foundations of regional entrepreneurship. The International Journal of Entrepreneurship and Innovation, Online, v. 20, n.3, p.194-208, 20
  • [20] SHILLER, R. J. Narrative economics. American Economic Review, v.107, n. 4, p. 967–1004, 2017.
  • [21] SPIGEL, B. (The relational organization of entrepreneurial ecosystems. Entrepreneurship Theory and Practice, 41(1), 49–72, 2017.
  • [22] STAM, E. Entrepreneurial Ecosystems and Regional Policy: A Sympathetic Critique. European Planning Studies, v. 23, n. 9, p. 1759-1769, 2015.
  • [23] STAM, E; SPIGEL, B. Entrepreneurial Ecosystems [Discussion Paper Series nº 16-13], Utrecht, 2016.
  • [24] NICOTRA, M. et al. The causal relation between entrepreneurial ecosystem and productive entrepreneurship: a measurement framework. Journal Technol Transf 43, Springer Science+Business Media, LLC, 2017.
Como citar:

Ramos, Caroline Chantre; Cantarino, Vinicius Botelho Pimenta; Aquino, Thereza Cristina Nogueira de; Castro, Nivalde José de; Sena, Allyson Thomas Oliveira de; "Financiamento internacional da economia do hidrogênio: uma visão a partir dos países importadores", p. 1158-1179 . In: Anais do VI Encontro Nacional de Economia Industrial e Inovação (ENEI): “Indústria e pesquisa para Inovação: novos desafios ao desenvolvimento sustentável”. São Paulo: Blucher, 2022.
ISSN 2357-7592, DOI 10.5151/vi-enei-838

últimos 30 dias | último ano | desde a publicação


downloads


visualizações


indexações