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Desindustrialização setorial e estagnação de longo prazo da manufatura brasileira

Morceiro, Paulo César ; Guilhoto, Joaquim José Martins ;

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No Brasil e no mundo, os diagnósticos de desindustrialização concentram-se na manufatura agregada, dessa forma, as políticas podem ser ineficazes se a desindustrialização tiver um componente específico ao setor. Este estudo quantifica e analisa a desindustrialização para os setores manufatureiros individualizados. Para isso, foram criadas séries inéditas de 1970 a 2016 da participação dos setores manufatureiros no PIB brasileiro a partir de dados oficiais do IBGE. Verificou-se que os setores manufatureiros se desindustrializaram com intensidades e períodos distintos da manufatura agregada e uma abordagem setorial revela traços ignorados pela literatura quanto à qualidade da desindustrialização. Conclui-se que a desindustrialização do Brasil é normal (e esperada) para os setores manufatureiros intensivos em trabalho, porém prematura (e indesejada) para os setores intensivos em conhecimento e tecnologia. Logo, ela traz consequências negativas para o desenvolvimento científico e tecnológico futuro do país.

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Palavras-chave: Desindustrialização setorial; Desenvolvimento industrial; Heterogeneidade setorial; Mudança estrutural,

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DOI: 10.5151/iv-enei-2019-1.3-022

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Como citar:

Morceiro, Paulo César; Guilhoto, Joaquim José Martins; "Desindustrialização setorial e estagnação de longo prazo da manufatura brasileira", p. 152-167 . In: Anais do IV Encontro Nacional de Economia Industrial e Inovação. São Paulo: Blucher, 2019.
ISSN 2357-7592, DOI 10.5151/iv-enei-2019-1.3-022

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