Artigo:

Este artigo tem como objetivo demonstrar como a associação entre o design, por uma perspectiva sistêmica, e a agroecologia pode impulsionar o empreendedorismo de base comunitária, além de promover a segurança alimentar em comunidades em contexto de vulnerabilidade. Importante ressaltar que a situação da insegurança alimentar, que foi se agravando nos últimos anos, registrou um aumento vertiginoso a partir da pandemia do coronavírus. Nesta conjuntura, é possível observar a atuação de diversos movimentos sociais, assim como do poder público que, em sintonia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, criaram estratégias para monitorá-los e alocar recursos para projetos voltados ao tema. Como exemplo, podemos citar o ‘Hackathon: Soluções para a Economia Criativa’, realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) em parceria com a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), no qual o objetivo foi incentivar a criação de soluções inteligentes, inovadoras e tecnológicas, para recuperar o setor criativo de BH, no âmbito dos desafios impostos pela pandemia. O presente estudo de caso, desenvolvido durante este evento, teve como ponto de partida as 51 hortas urbanas mapeadas pela PBH. Após o diagnóstico deste sistema, foram elencados os problemas e as oportunidades, buscando-se avaliar o papel da agroecologia na melhoria das condições socioeconômicas dos agricultores familiares urbanos e da população do entorno, por meio da valorização dos saberes partilhados, dos serviços ecossistêmicos e dos equipamentos públicos. Os principais objetivos do projeto foram o fortalecimento dos negócios locais, a criação de novos produtos saudáveis e nutritivos, de novos serviços para atender ao sistema, de trabalho de qualidade e renda no próprio território. Como resultado apresentamos uma malha colaborativa que conecta cada horta comunitária com os empreendedores do seu entorno (restaurantes, bares, quitandas) e consumidores finais. Isto se dá por meio do web aplicativo “Afeto à mesa”, que conecta as hortas, aos estabelecimentos parceiros por georreferenciamento e possibilita novas conexões de maneira orgânica e independente. Como consideração destaca-se a escalabilidade da solução proposta, pois o sistema de malha colaborativa inicialmente aplicado em um território piloto, pode ser replicado nas demais hortas urbanas, considerando o contexto de cada uma.