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Design Anthropology e mulheres em vulnerabilidade

Design Anthropology and women in vulnerability

Maia, Alessandra Maria Silva Santos ; Noronha, Raquel Gomes ;

Resumo:

"O alerta para a percepção do estado de vulnerabilidade de mulheres e mães de crianças e adolescentes com necessidades especiais motiva esta pesquisa. A autora da pesquisa atuou como supervisora pedagógica no Centro de Ensino de Educação Especial Padre João Mohana e observava as condições vivenciadas pelas mulheres e mães tendo como fundamento seus diálogos, reuniões e entrevistas sobre o desenvolvimento dos estudantes. As mulheres com as quais se realizará esta pesquisa são mães de estudantes – crianças e adolescentes – que frequentam a Intervenção Pedagógica do C. E. E. E. Pe. João Mohana, situado no Vinhais, em São Luís, Maranhão. Os estudantes possuem TEA – transtorno do espectro autista – e/ou paralisia cerebral com grande comprometimento das funções cognitivas e/ou motoras. Tais mulheres encontram dificuldades para conseguir emprego e quando conseguem têm dificuldade para mantê-lo, sentem-se sobrecarregadas, exaustas pela rotina de cuidados com o/a filho/a com necessidade especial e com os demais filhos, sem perspectivas de melhorias e sem vislumbrar possibilidades de oportunidades socioeconômicas. Então, lideram suas famílias, com dificuldades financeiras, emocionais e sociais. Elas ficam aguardando seus filhos nos seus turnos de aula, pois em caso de alguma intercorrência estão lá. Esta condição de acompanhamento é obrigatória e extremamente cansativa. E enquanto aguardam, descansam, conversam umas com as outras e duas vezes por mês participam de reuniões de engajamento, em um evento comunitário denominado ‘Escola de Pais’. A escola de pais é um momento interessante, pois são convidados profissionais da escola ou externos para oferecer palestras instrutivas às mães, sobre saúde, tecnologia e direitos ou alusivas às datas comemorativas e importantes de cada período. Quando os/as filhos/as estão fora do ambiente escolar, vivenciam situações difíceis em seu cotidiano, pois na maioria dos casos os maridos / companheiros / companheiras quando sabem da deficiência da criança e vivenciam as dificuldades, acabam abandonando a casa, e a relação familiar, ficando a mulher responsável pela criação dos filhos. Além desta situação há ainda os casos em que vivenciam situações de violência doméstica. Destas situações surgiu o questionamento motivador desta pesquisa: como o Design Anthropology pode contribuir para a superação da situação de vulnerabilidade vivenciada por estas mulheres? Para atender a esta pergunta tem-se como objetivo geral desta pesquisa: prototipar, através de ferramentas de especulação e imaginação de possíveis futuros do Design Anthropology, condições de atencionalidade, acolhimento e serviço para estas mulheres. Com a revisão sistemática (OBREGON, 2017) busca-se conhecer o estado da arte, verificando fatores básicos para a pesquisa como materiais de estudos e as habilidades que se relacionam com o rigor metodológico desejável para a pesquisa. Com base na literatura, design envolve ação, tanto no sentido de estudar e desenvolver produtos tangíveis, como embalagens, artesanato, marcas, móveis, etc., como no sentido de criação de elementos intangíveis como conceitos, artefatos sociais, etc. Design Anthropology é uma abordagem que envolve interações entre sujeitos no sentido de coletivamente traçar os caminhos e possibilidades na construção de possíveis futuros a partir das trocas entre os participantes, que possibilitem ampliar suas vivências e interações, a partir de uma cooperação entre design e antropologia, envolvendo processos de reflexão e processos criativos (HALSE, 2013). O contexto da pesquisa requer uma abordagem capaz de gerar movimento de interação entre as várias subjetividades sem negligenciar as identidades envolvidas (GATT; INGOLD, 2013) para identificar as necessidades existentes em meio às vulnerabilidades percebidas, até mesmo para confirmar se estas mulheres consideram ou ignoram tais vulnerabilidades. Na relação entre antropologia e design, mescla-se o fazer do antropólogo como um observador correspondente (INGOLD, 2011), com a ação do designer de moldar possibilidades de futuros, resultando em práticas de correspondência, no sentido de responder ao outro, em uma relação de reciprocidade (GATT; INGOLD, 2013). Nesse contexto, NORONHA e ABREU (2021) enfatizam que as práticas de correspondência dizem respeito a se engajar no “fluxo da vida” dos participantes, suas relações com o passado, presente e possíveis futuros tendo nos materiais um meio para estabelecer os diálogos e as dinâmicas. A intenção não é apontar a vulnerabilidade do outro, mas buscar um olhar voltado para o outro e para si, conforme bell hooks (2013), quando ensina que ao considerar as individualidades relacionando-as com as próprias experiências os indivíduos tornam-se mais conscientes uns dos outros e de si mesmos –a autora, de nome Gloria Watkins, utiliza o pseudônimo bell hooks em homenagem à sua bisavó, Bell Blair Hooks, evidenciando-se que a escrita não atende aos padrões utilizados para escrita de nomes próprios, com inicial maiúscula, em suas publicações, nas citações e nas referências, como forma de evidenciar a obra em si e não a autora, desta forma, este texto respeita o posicionamento da autora. A pesquisa é descritiva e aplicada, pois (GIL, 2008) identifica e observa as características dos sujeitos, objetos e situações e busca desenvolver conhecimentos que possam ser aplicados nas vivências práticas. Compreenderá as seguintes etapas, a saber: 1- revisão sistemática, 2- Pesquisa-ação Participativa. E a Pesquisa-ação Participativa envolve 3 (três) fases: 1- Prototipação e aplicação de ferramentas em design, 2- Reaplicação, 3 – Avaliação por pares e 4- Triangulação dos dados. A Pesquisa Ação Participativa agrega objetivos como inovação social e alteração do status quo dos indivíduos (SANTOS, 2018, p. 61). E a observação participante abrangerá ferramentas que possibilitem as contribuições das diversas falas e narrativas, bem como sua valorização para o andamento da pesquisa que serão fundamentais para a etapa seguinte, de prototipação e aplicação de ferramentas em design para delinear possibilidades de futuros (HALSE, 2013), visto que, como tratado anteriormente, a pesquisa considera o valor de cada narrativa na construção dos caminhos a serem percorridos. As fases avaliativas do processo metodológico incluem a triangulação dos resultados, para validação dos mesmos, e a avaliação por pares compreendendo este momento as correspondências e ponderações feitas pela banca avaliadora, durante a defesa da dissertação. Neste contexto, busca-se um movimento de interação entre o design, os direitos humanos e de forma bastante específica os direitos das mulheres, abrindo caminhos para outros pesquisadores que tenham interesse em estudar questões sociais a partir de práticas de correspondência. "

Resumo:

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Palavras-chave: Design Anthropology; Mulheres em vulnerabilidade; Pesquisa-ação Participante; Práticas de Correspondência,

Palavras-chave: -,

DOI: 10.5151/jopdesign2022-37

Referências bibliográficas
  • [1] "GIL, Antonio C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. São Paulo: Editora Atlas S.A, 2008.
  • [2] HALSE, Joachim. Ethnografies of the possible. In: GUNN, Wendy; OTTO, Ton; SMITH, Rachel Charlotte (eds). Design Anthropology: theory and practice. London, New York: Bloomsbury, 2013.
  • [3] hooks, bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade.Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. - São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 201
  • [4] INGOLD, Tim. Chega de Etnografia! A educação da atenção como propósito da Antropologia. In: Educação. Porto Alegre, v. 39, n. 3, p. 404-411, set./dez. 2016.
  • [5] NORONHA, Raquel.; Abreu M. (2021). Conter e contar: autonomía e autopoiesis entre mulheres, materiais e narrativas por meio de Design Anthropology. Pensamentos Em Design, 1(1), 60-6 Disponível em: https://doi.org/10.36704/pensedes.y1i1.5923
  • [6] NORONHA, Raquel. The collaborative turn: challenges and limits on the construction of the common plan and on autonomia in design. Strategic Design Research Journal, 11(2): 125-135, May-August, 2018.
  • [7] OBREGON, R. F. A. Perspectiva de pesquisa em Design: estudos com base na Revisão Sistemática de Literatura. Erechin: Deviant, 201
  • [8] SANTOS, Aguinaldo dos (Org.). Seleção do método de pesquisa: guia para pós-graduandos em design e áreas afins. Curitiba: Editora Insight, 201"
Como citar:

Maia, Alessandra Maria Silva Santos; Noronha, Raquel Gomes; "Design Anthropology e mulheres em vulnerabilidade ", p. 284-286 . In: Anais da III Jornada de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Design - UFMA. São Paulo: Blucher, 2022.
ISSN 2318-6968, DOI 10.5151/jopdesign2022-37

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