Fevereiro 2019 vol. 1 num. 5 - I Simpósio Bienal SBPSP – O Mesmo, O Outro

Resumo - Open Access.

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Clínica psicanalítica e conexões com a saúde do trabalhador: o desamparo no campo do trabalho

Clínica psicanalítica e conexões com a saúde do trabalhador: o desamparo no campo do trabalho

MENEZES, Lucianne Sant’Anna de ;

Resumo:

Este trabalho, fruto de investigações desenvolvidas pela autora nas fronteiras conceituais entre a psicanálise e a saúde do trabalhador, foca os processos de subjetivação em jogo no fenômeno social e global da precarização do trabalho. Objetiva uma reflexão no campo de problematização do desamparo na constituição da subjetividade, especialmente, a partir de sua relação com o trabalho. A essência do mal-estar na cultura, conforme Freud desenvolveu, não deve ser remetida a renúncia pulsional como condição para viver em sociedade, mas para o sentimento de desamparo, contexto em torno do qual giram os destinos do afluxo pulsional. A missiva freudiana é que para viver, as pessoas criam possibilidades afetivas no enfrentamento da condição fundamental de desamparo relativas a uma dupla modalidade de destino: aceitação (destinos criativos) e evitamento (destinos funestos). É neste contexto que Freud compreende o ‘trabalho’ como um instrumento que o homem criou para lidar com seu desamparo (Hilflosigkeit) e viver em sociedade. O trabalho como ofício é uma ocasião para elaboração psíquica, podendo propiciar a sublimação se houver ligação afetiva com o trabalho, portanto, pode ser fonte de saúde ao dar destinos criativos para o desamparo. Entretanto, nas condições atuais do mal-estar caracterizado pelo excesso pulsional e fragilidade de simbolização, o trabalho é liquefeito, gera a informalização e, sustentado na flexibilidade e desregulamentação, promove destinos funestos para o desamparo, como a vivência de precarização, sofrimento de origem sócio-política. A precarização do trabalho sustenta uma condição de trabalho precarizada visível nas formas de subcontratação, terceirização e, com a reforma trabalhista, o trabalho intermitente. A partir da escuta da dimensão sócio-política do sofrimento compreende-se este quadro como um dos efeitos do neoliberalismo na saúde dos trabalhadores, como o desgaste mental e a corrosão da subjetividade, uma dimensão de perdas relativas ao mal-estar no campo do trabalho que assume uma direção marcadamente perversa. Se sob o olhar sócio-histórico, o processo da precarização do trabalho aumenta os riscos e agravos à saúde dos trabalhadores, sob o prisma psicanalítico, favorece, estimula e intensifica uma condição de submissão no trabalho e uma forma de dominação perversa. A questão essencial é como a sociedade do nosso tempo trata o trabalho: É um valor? Ou um custo? Se for um custo ele pode ser cortado em períodos de crise; mas, como valor o trabalho deve ter sentido dentro dele. Mas, se o trabalho como está hoje, é intermitente, qual o sentido que trará para o sujeito?

Resumo:

Este trabalho, fruto de investigações desenvolvidas pela autora nas fronteiras conceituais entre a psicanálise e a saúde do trabalhador, foca os processos de subjetivação em jogo no fenômeno social e global da precarização do trabalho. Objetiva uma reflexão no campo de problematização do desamparo na constituição da subjetividade, especialmente, a partir de sua relação com o trabalho. A essência do mal-estar na cultura, conforme Freud desenvolveu, não deve ser remetida a renúncia pulsional como condição para viver em sociedade, mas para o sentimento de desamparo, contexto em torno do qual giram os destinos do afluxo pulsional. A missiva freudiana é que para viver, as pessoas criam possibilidades afetivas no enfrentamento da condição fundamental de desamparo relativas a uma dupla modalidade de destino: aceitação (destinos criativos) e evitamento (destinos funestos). É neste contexto que Freud compreende o ‘trabalho’ como um instrumento que o homem criou para lidar com seu desamparo (Hilflosigkeit) e viver em sociedade. O trabalho como ofício é uma ocasião para elaboração psíquica, podendo propiciar a sublimação se houver ligação afetiva com o trabalho, portanto, pode ser fonte de saúde ao dar destinos criativos para o desamparo. Entretanto, nas condições atuais do mal-estar caracterizado pelo excesso pulsional e fragilidade de simbolização, o trabalho é liquefeito, gera a informalização e, sustentado na flexibilidade e desregulamentação, promove destinos funestos para o desamparo, como a vivência de precarização, sofrimento de origem sócio-política. A precarização do trabalho sustenta uma condição de trabalho precarizada visível nas formas de subcontratação, terceirização e, com a reforma trabalhista, o trabalho intermitente. A partir da escuta da dimensão sócio-política do sofrimento compreende-se este quadro como um dos efeitos do neoliberalismo na saúde dos trabalhadores, como o desgaste mental e a corrosão da subjetividade, uma dimensão de perdas relativas ao mal-estar no campo do trabalho que assume uma direção marcadamente perversa. Se sob o olhar sócio-histórico, o processo da precarização do trabalho aumenta os riscos e agravos à saúde dos trabalhadores, sob o prisma psicanalítico, favorece, estimula e intensifica uma condição de submissão no trabalho e uma forma de dominação perversa. A questão essencial é como a sociedade do nosso tempo trata o trabalho: É um valor? Ou um custo? Se for um custo ele pode ser cortado em períodos de crise; mas, como valor o trabalho deve ter sentido dentro dele. Mas, se o trabalho como está hoje, é intermitente, qual o sentido que trará para o sujeito?

Palavras-chave: -,

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DOI: 10.5151/isbsbpsp-47

Referências bibliográficas
  • [1] -
Como citar:

MENEZES, Lucianne Sant’Anna de; "Clínica psicanalítica e conexões com a saúde do trabalhador: o desamparo no campo do trabalho", p. 349-350 . In: I Simpósio Bienal SBPSP – O Mesmo, O Outro. São Paulo: Blucher, 2019.
ISSN 2359-2990, DOI 10.5151/isbsbpsp-47

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