Artigo - Open Access.

Idioma principal | Segundo idioma

Bordados e a autonomia das mulheres: uma análise de design feminista

Embroidery and women's autonomy: an analysis of feminist design

ÁVILA, Roberta Serednicki de ; MAYNARDES, Ana Claudia ;

Artigo:

O processo produtivo dos bordados é fortemente marcado pela ancestralidade, oralidade, feminilidade, domesticidade e precariedade, tornando-se campo fértil para uma análise de design, a partir do campo teórico feminista. O presente trabalho tem por objetivo analisar quais seriam as consequências teóricas e práticas de um design feminista e discutir tais repercussões nos bordados produzidos por mulheres. Discute-se a teoria feminista, especialmente as vertentes dos feminismos decolonial e negro. Em seguida, analisam-se quais seriam as perspectivas para a teoria do design a partir da incorporação da crítica feminista. Identificam-se quatro áreas de manifestação de um design feminista: o design para a promoção da autonomia das mulheres, o design a partir da autonomia das mulheres, o design ativista feminista e o design sustentável com perspectiva feminista. Verificou-se que todas estas perspectivas podem ser identificadas no estudo de caso dos bordados.

Artigo:

The production process of embroidery is strongly marked by ancestry, orality, femininity, domesticity, and precariousness, becoming fertile ground for an analysis of design, from the feminist theoretical field. The present work aims to analyse what would be the theoretical and practical consequences of a feminist design and discuss such repercussions in embroidery produced by women. Feminist theory is discussed, especially the strands of decolonial and black feminisms. The perspectives for design theory are analysed based on the incorporation of feminist criticism. Four areas of manifestation of a feminist design are identified: design for the promotion of women's autonomy, design from women's autonomy, feminist activist design and sustainable design with a feminist perspective. It was found that all these perspectives can be identified in the case study of embroidery.

Palavras-chave: Design Feminista; Autonomia das Mulheres; Bordados.,

Palavras-chave: Feminist Design; Women’s Autonomy; Embroidery.,

DOI: 10.5151/ped2022-9899596

Referências bibliográficas
  • [1] ALLUCCI, Renata Rendelucci. Una aguja, una lámpara, un telar. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 27, n. 3, 2019, e54376, p. 1-14.
  • [2] AZEVEDO, Rafaela Pereira de. Design de ativismo na quarta onda do feminismo no Brasil: análise da poética gráfica de alguns coletivos. Dissertação (Mestrado em Artes Visuais) - Centro de Artes, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2020.
  • [3] BONSIEPE, Gui. Design, cultura e sociedade. São Paulo: Blucher, 2011.
  • [4] BRITO, Thaís Fernanda Salves. Bordados e bordadeiras: um estudo etnográfico sobre a produção artesanal de bordados em Caicó/RN. Tese de Doutorado em Antropologia. Universidade de São Paulo. 2010.
  • [5] BUTLER, Judith P. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
  • [6] CANINI, Aline Sapienzinkas Kras Borges. De bonecas, flores e bordados: investigações antropológicas no campo do artesanato em Brasília. Tese (Doutorado em Antropologia Social), Universidade de Brasília, Brasília, 2008.
  • [7] CARNEIRO, Sueli. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. São Paulo. Selo Negro. 2011.
  • [8] CARSON, Fiona; PAJACZKOWSKA, Claire (Orgs.). Feminist Visual Culture. Nova Iorque: Routledge, 2001.
  • [9] CERQUEIRA, Fábio Vergara; SANTOS, Denise Ondina Marroni dos. A camisola do dia: patrimônio têxtil da cultura material nupcial (Rio Grande do Sul, do início a meados do século XX). Estudos em História, Rio de Janeiro, v. 24, n, 48, p. 305-330, 2011.
  • [10] COLLINS, Patricia Hill. Se perdeu na tradução? Feminismo negro, interseccionalidade e política emancipatória. Parágrafo, v. 5, n. 1, p. 6-17, 2017.
  • [11] CORAT, Cristina de Souza; HENRIQUES, Fernanda. O design gráfico inclusivo como ferramenta de empoderamento de jovens negras. Blucher Design Proceedings, n. 2, v. 9, p. 3134-3142, 2016.
  • [12] CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Revista Estudos Feministas, v. 10, p. 171-188, 2002.
  • [13] CRUZ, Vivian Pisaneschi. Entrevista com bordadeiras do Morro São Bento de Santos: uma reminiscência dos bordados da Ilha da Madeira. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, v. 10, n. 1, p. 121-136, 2007.
  • [14] CUNHA, Tânia Batista da; VIEIRA, Sarita Brazão. Entre o bordado e a renda: condições de trabalho e saúde das labirinteiras de Juarez Távora/Paraíba. Psicologia Ciência e Profissão, v. 29, n. 2, p. 258-275, 2009.
  • [15] ESCOBAR, Arturo. Designs for the pluriverse: radical interdependence, autonomy, and the making of worlds. Durham: Duke University Press, 2018.
  • [16] FARAH, Marta Ferreira Santos. Gênero e políticas públicas. Estudos Feministas, v. 12, n. 1, p. 47-71, 2004.
  • [17] FARRINGTON, Michelle. Social and feminist design in emergency contexts: the Women’s Social Architecture Project, Cox’s Bazar, Bangladesh. Gender & Development, v. 27, n. 2, p. 295-315, 2019.
  • [18] FERNANDES, Ana Beatriz Rabelo Andrade. O design na articulação de feminismos em rede: da representação de identidades individuais à construção de uma identidade política feminista. Dissertação (Mestrado em Design) – PPG Design, Universidade de Brasília. Brasília, 20
  • [19] FOSTER, Hal. Recodificação: Arte, espetáculo, política cultural. São Paulo: Casa Editorial Paulista, 1996.
  • [20] FRY, Tony. Defuturing: a new design philosophy. 2ª ed. Londres: Bloomsbury Visual Arts, 20
  • [21] GONZALES, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje – ANPOCS, p. 223-244, 1984.
  • [22] JOAQUIM, Juliana Teixeira; MESQUITA, Cristiane. Rupturas do vestir: articulações entre moda e feminismo. Revista DAPesquisa, n. 8, p. 643-659, 2011.
  • [23] KUSSLER, Leonardo Marques; LORENZ, Bruno Augusto. Design como prática crítica e filosófica. Revista de Design, Tecnologia e Sociedade, v. 5, n. 1, 2018, p. 34-47.
  • [24] LEITE, Marcia de Paula. As bordadeiras de Ibitinga: trabalho a domicílio e prática sindical. Cadernos Pagu, v. 32, 2009, p. 183-214.
  • [25] LIMA, Márcio Soares; NORONHA, Raquel Gomes. A relação da produção artesanal com as histórias de vida das mulheres que bordam em São João dos Patos – MA. Revista Interdisciplinar em Cultura e Sociedade (RICS), v. 4, p. 75-92, 2018.
  • [26] LUGONES, María. Rumo a um feminismo descolonial. Estudos Feministas, v. 22, n. 3, p. 935-952, 2014.
  • [27] MANZINI, Enzio. Design: quando todos fazem design: uma introdução ao design para a inovação social. São Leopoldo: Ed. UNISINOS, 2017.
  • [28] MASO, Tchenna Fernandes; MASO, Tchella Fernandes. Onde estão nossos direitos? O campo feminista de gênero bordado pelas mulheres atingidas por barragens. Revista Brasileira de Políticas Públicas, Brasília, v. 10, n. 2, p. 481-510, 2020.
  • [29] NARVAZ, Martha Giudice; KOLLER, Sílvia Helena. Metodologias feministas e estudos de gênero: articulando pesquisa, clínica e política. Psicologia em Estudo, v. 11, n. 3, p. 647-654, 2006.
  • [30] NUNES, Caroline Atencio Medeiros. A intergeracionalidade nas graphic novels autobiográficas “Persépolis” e “Bordados” de Marjane Satrapi. AEDOS – Revista do corpo discente do programa de pós-graduação em História da UFRGS, v. 12, n. 27, p. 614-640, 2021.
  • [31] PAIXÃO, Fátima; PEREIRA, Mariette; CACHAPUZ, António. Património Cultural e Científico da Cidade: Cores e Corantes dos bordados de Castelo Branco. In: PAIXÃO, Maria de Fátima (Coord.). Educação e Cidadania: encontros em Castelo Branco. Coimbra: Alma Azul, 2006, p. 111-148.
  • [32] PÉREZ-BUSTOS, Tania. El tejido como conocimiento, el conocimiento como tejido: reflexiones feministas en torno a la agencia de las materialidades. Revista Colombiana de Sociologia, v. 39, n. 2, p. 163-182, 2014.
  • [33] RAGO, Margareth. Epistemologia feminista: gênero e história. In: GROSSI, Miriam; PEDRO, Joana (Orgs.). Masculino, feminino, plural: gênero na interdisciplinaridade. Florianópolis: Ed. Mulheres, 2006, p. 20-41.
  • [34] RECKITT, Helena. Art of Feminism: Images that Shaped the Fight for Equality: 1857-2017. São Francisco: Chronicle Books, 2018.
  • [35] RIBEIRO, Djamila. Quem tem medo do feminismo negro? São Paulo: Cia das Letras, 2018.
  • [36] ROMANO, Raquel Bosso. Protagonismo feminino no design brasileiro contemporâneo? Análise nos segmentos de design gráfico e de produto entre os anos de 2015 e 2019. Dissertação (Mestrado em Design), FAAC, UNESP, Bauru, 2021.
  • [37] SÁNCHEZ, Ana María Castro. El lugar del arte en las políticas feministas. In: TORRES, Anália; COSTA, Dália; CUNHA, Maria João (Orgs.). Estudos de género: diversidade de olhares num mundo global. Lisboa: Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, 2018.
  • [38] SARTI, Cynthia Andersen. O feminismo brasileiro desde os anos 1970: revisitando uma trajetória. Revista de Estudos Feministas, v. 12, n. 2, p. 35-50, 2004.
  • [39] SCOTT, Joan Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, v. 20, n. 2. P. 71-99, 1995.
  • [40] SEGATO, Rita Laura. Gênero e colonialidade: em busca de chaves de leitura e de um vocabulário estratégico descolonial. E-Cadernos CES, v. 18, p. 106-131, 2012.
Como citar:

ÁVILA, Roberta Serednicki de; MAYNARDES, Ana Claudia; "Bordados e a autonomia das mulheres: uma análise de design feminista", p. 4748-4762 . In: Anais do 14º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. São Paulo: Blucher, 2022.
ISSN 2318-6968, DOI 10.5151/ped2022-9899596

últimos 30 dias | último ano | desde a publicação


downloads


visualizações


indexações