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A Prática do Acolhimento Sob a Perspectiva da Psicologia Humanista em um Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas (Capsad)
A Prática do Acolhimento Sob a Perspectiva da Psicologia Humanista em um Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas (Capsad)
Zini, Renato Luis; Oliveira, Andréia Elisa Garcia
Resumo:
Introdução o acolhimento reconhece a importância que a dimensão subjetiva exerce para facilitar a troca de saberes entre usuários e profissionais de saúde, admitindo saberes e práticas científicas e populares presentes nos serviços de saúde, o que permite o rompimento com o paradigma centrado unicamente nos saberes médicos. a possibilidade de estabelecer vínculos e responsabilizações entre usuários e profissionais de saúde pode ser confundido, na prática cotidiana, como mais um dispositivo gerencial e de procedimentos nos serviços, traduzido em entrevistas formais de anamnese, triagens para o acesso a consultas médicas, entre outros. Objetivo Apreender fenomenologicamente a prática do acolhimento efetivada por um psicólogo de orientação humanista no contexto de um CAPSad , em um município do interior do Estado de São Paulo. Método Pesquisa qualitativa e fenomenológica, realizada no contexto da prática do acolhimento em um CAPSad. a opção foi pela construção de narrativas, que é uma estratégia metodológica, especialmente aquelas de caráter fenomenológico, em que o ato de narrar deve ser compreendido em sentido mais específico e provido de significados, além da simples atividade de contar ou expor oralmente um fato. Foram elaboradas 36 narrativas e selecionadas 15 para efeitos da pesquisa. Cada narrativa passou por análise fenomenológica, com respaldo da teorica da Psicologia Humanista. ao fim foram elaboradas sínteses de natureza interpretativa. Resultados com o acolhimento, as pessoas mantinham um olhar para si menos depreciativo que o lançado pela sociedade, referindo um tipo de hierarquia em relação ao nível de sanidade: a clara separação entre os usuários de crack inalados em cachimbos daqueles que o utilizavam em latas de alumínio; a relação subjetiva com o próprio corpo referia-se a uma cisão entre o físico e o psicológico; a responsabilização pelas perdas familiares, profissionais e pelo convívio social limitado ao círculo de outros usuários de drogas. a angústia diante da constatação da perda de controle do uso mobilizou recursos internos para a busca de ajuda profissional. a chegada ao CAPS foi tida como uma relação pretérita com as drogas, “um divisor de águas”, reconhecendo-se como “já estar em tratamento”. Conclusões Alguns aspectos do acolhimento assemelharam-se aos existentes na prática do plantão psicológico em instituições. um conjunto de atitudes características da tradição humanista – clima de aceitação, compreensão, afeto e cumplicidade, ou seja, um ambiente no qual o usuário receba um olhar no intuito de reconhecê-lo (não julgá-lo), para confirmá-lo como pessoa digna de respeito e consideração – o acolhimento mostrou-se fértil para a reflexão de como a experiência dos clientes pode ser facilitada na intervenção clínica dialógica. Não se trata de apenas recepcionar, mas respeitar o cliente na maneira de se posicionar diante dos problemas vividos, ciente de que, sem a participação ativa dele, nenhuma proposta de tratamento é eficaz.
Introdução o acolhimento reconhece a importância que a dimensão subjetiva exerce para facilitar a troca de saberes entre usuários e profissionais de saúde, admitindo saberes e práticas científicas e populares presentes nos serviços de saúde, o que permite o rompimento com o paradigma centrado unicamente nos saberes médicos. a possibilidade de estabelecer vínculos e responsabilizações entre usuários e profissionais de saúde pode ser confundido, na prática cotidiana, como mais um dispositivo gerencial e de procedimentos nos serviços, traduzido em entrevistas formais de anamnese, triagens para o acesso a consultas médicas, entre outros. Objetivo Apreender fenomenologicamente a prática do acolhimento efetivada por um psicólogo de orientação humanista no contexto de um CAPSad , em um município do interior do Estado de São Paulo. Método Pesquisa qualitativa e fenomenológica, realizada no contexto da prática do acolhimento em um CAPSad. a opção foi pela construção de narrativas, que é uma estratégia metodológica, especialmente aquelas de caráter fenomenológico, em que o ato de narrar deve ser compreendido em sentido mais específico e provido de significados, além da simples atividade de contar ou expor oralmente um fato. Foram elaboradas 36 narrativas e selecionadas 15 para efeitos da pesquisa. Cada narrativa passou por análise fenomenológica, com respaldo da teorica da Psicologia Humanista. ao fim foram elaboradas sínteses de natureza interpretativa. Resultados com o acolhimento, as pessoas mantinham um olhar para si menos depreciativo que o lançado pela sociedade, referindo um tipo de hierarquia em relação ao nível de sanidade: a clara separação entre os usuários de crack inalados em cachimbos daqueles que o utilizavam em latas de alumínio; a relação subjetiva com o próprio corpo referia-se a uma cisão entre o físico e o psicológico; a responsabilização pelas perdas familiares, profissionais e pelo convívio social limitado ao círculo de outros usuários de drogas. a angústia diante da constatação da perda de controle do uso mobilizou recursos internos para a busca de ajuda profissional. a chegada ao CAPS foi tida como uma relação pretérita com as drogas, “um divisor de águas”, reconhecendo-se como “já estar em tratamento”. Conclusões Alguns aspectos do acolhimento assemelharam-se aos existentes na prática do plantão psicológico em instituições. um conjunto de atitudes características da tradição humanista – clima de aceitação, compreensão, afeto e cumplicidade, ou seja, um ambiente no qual o usuário receba um olhar no intuito de reconhecê-lo (não julgá-lo), para confirmá-lo como pessoa digna de respeito e consideração – o acolhimento mostrou-se fértil para a reflexão de como a experiência dos clientes pode ser facilitada na intervenção clínica dialógica. Não se trata de apenas recepcionar, mas respeitar o cliente na maneira de se posicionar diante dos problemas vividos, ciente de que, sem a participação ativa dele, nenhuma proposta de tratamento é eficaz.
Palavras-chave:
DOI: 10.5151/medpro-cihhs-10277
Como citar:
Zini, Renato Luis; Oliveira, Andréia Elisa Garcia; "A Prática do Acolhimento Sob a Perspectiva da Psicologia Humanista em um Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas (Capsad)", p-46-46.
In: Anais do Congresso Internacional de Humanidades & Humanização em Saúde [= Blucher Medical Proceedings, vol.1, num.2].
São Paulo: Blucher,
2014.
ISSN 23577282,
DOI 10.5151/medpro-cihhs-10277
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Renato Luis Zini, Andréia Elisa Garcia Oliveira, A Prática do Acolhimento Sob a Perspectiva da Psicologia Humanista em um Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas (Capsad), Blucher Medical Proceedings, Volume 1, 2014, Pages 46-46, ISSN 23577282, http://dx.doi.org/10.5151/medpro-cihhs-10277 (www.proceedings.blucher.com.br/article-details/a-prtica-do-acolhimento-sob-a-perspectiva-da-psicologia-humanista-em-um-centro-de-ateno-psicossocial-em-lcool-e-drogas-capsad-9467) Palavras-chave:: ;