Outubro 2018 vol. 1 num. 4 - I SEMINÁRIO DISCURSO E CULTURA

Resumo - Open Access.

Idioma principal

A AUTORREFERENCIALIDADE NAS OBRAS DE LYGIA BOJUNGA E SUA IMPORTÂNCIA NA FORMAÇÃO DA COMPETÊNCIA LEITORA

THE AUTHORREFERENTIALITY IN THE WORKS OF LYGIA BOJUNGA AND ITS IMPORTANCE IN THE TRAINING OF COMPETENCE READING

PATROCINIO, Gabriela Trevizo Gamboni ; NAVAS, Diana ;

Resumo:

Esta comunicação tem por objetivo estudar a autorreferencialidade nas obras Intramuros , Retratos de Carolina e Fazendo Ana Paz de Lygia Bojunga. Traçando suas correlações, além dos respectivos apontamentos acerca de traços metaficcionais, já que trata-se de uma tendência contemporânea expressiva em crescente expansão para literatura juvenil. Diante dessa possibilidade, podemos pensar a autorrefencialidade como motivadora e instigadora de um leitor mais reflexivo e crítico, pois, ao se deparar com narrativas metaficcionais esse leitor não será apenas um mero consumidor, mas sim, um colaborador na construção dessas narrativas. A participação do leitor nessa reconstrução do texto literário, acaba por ser um convite no qual ele pode experimentar, revisitar outras narrativas, deixando de lado uma leitura ingênua. Esses leitores acabam por se envolver na problemática dos personagens, narrador e escritor, criadas por essas narrativas, além de se envolver nas ambiguidades, conectando os diversos momentos e as diversas vozes que essas narrativas trazem. As narrativas metaficcionais permitem que seus jovens leitores, abandonem mentalidades preconceituosas, rompendo com o conformismo e aceitando as diferenças. A ideia deste trabalho nasce a partir da leitura de Fazendo Ana Paz (1991) e Retratos de Carolina (2002), e mais recentemente Intramuros (2016), visto que todas elas trazem luz aos mecanismos dos quais envolvem o processo de criação literária. Nessas obras, temos a reconstrução de personagens e a criação de uma narradora que, embora fictícia, espelha, em grande medida, a própria Lygia, a qual configura a tríade leitura, escrita e a interação dessas representando o ato de criação. É através da trajetória estética que Bojunga transfigura no texto as dificuldades que envolvem o ato da criação. A metalinguagem se configura em imagens palpáveis como, por exemplo, a da personagem que se despede da escritora, e acaba por desaparecer sob a folha em branco, fato que aparece nas três obras. Por este caminho seguem os impasses da criação, que sofrem uma conversão em matéria artística, ao serem trazidos para o mundo da ficção. Em Fazendo Ana Paz , percebemos logo no início, que a autora expõe ao seu leitor a sua própria necessidade no processo de escrita, advertindo-o que se trata de uma construção discursiva e que a personagem é um ser de papel. Com isso, temos o rompimento com o modelo de ficção tradicional. Além disso, nos deparamos com uma narradora que simula ser uma escritora real e,ao mesmo tempo simula a autonomia da personagem, tornando assim ficção e realidade confusas, haja vista que exista uma fusão entre real e ficção: a personagem invade o espaço da escritora, enquanto a escritora ficcionaliza-se, ou seja, torna-se uma personagem. A fusão entre criador e criatura, se intensifica ainda mais em Retratos de Carolina . Trata-se de uma obra que apresenta várias fases distintas de Carolina: infância, adolescência e fase adulta. A narrativa é composta por várias digressões e flashbacks, mas é através do tempo psicológico que nos é apresentado todos os dilemas vividos por essa personagem nessas fases de sua vida. Em Intramuros adentramos nos na obra a partir de uma escritora que reitera em vários momentos a dificuldade e os problemas que o ofício permeia. Em suas primeiras páginas, nos é apresentada Nicolina, que nos dá a impressão, de ser a condutora da história, porém, novas vozes surgem, e percebemos que, assim como em Fazendo Ana Paz , escritora e personagem dialogam e decidem juntas, o destino da narrativa. Em muitos momentos,vemos Nicolina questionando a narradora, sua construção e os caminhos que ela segue na trama. As vozes se fundem entre escritora, narradora e personagens. Com isso, Lygia Bojunga evidencia em suas obras os impasses acerca da criação de seres ficcionais e o poder de um discurso persuasivo, que fica “à mostra” para seu leitor, para que ele acompanhe esses diálogos entre criador e criatura. Para responder à essa comunicação, a pesquisa recorrerá a concepções teóricas de Linda Hutcheon (1984), Patricia Waugh (1984), Teresa Colomer (2003) Gustavo Bernardo (2010).

Resumo:

Palavras-chave: Metaficção; Leitor; Criador; Criatura; Lygia Bojunga,

Palavras-chave:

DOI: 10.5151/discult2018-12

Referências bibliográficas
  • [1] .
Como citar:

PATROCINIO, Gabriela Trevizo Gamboni; NAVAS, Diana; "A AUTORREFERENCIALIDADE NAS OBRAS DE LYGIA BOJUNGA E SUA IMPORTÂNCIA NA FORMAÇÃO DA COMPETÊNCIA LEITORA", p. 12-13 . In: Prof. Dr. Jarbas Vargas Nascimento (PUC-SP). São Paulo: Blucher, 2018.
ISSN 2359-2990, DOI 10.5151/discult2018-12

últimos 30 dias | último ano | desde a publicação


downloads


visualizações


indexações