Artigo - Open Access.

Idioma principal

O DESIGN E O CONCEITO DE ARS MEDIEVAL

Schiavoni, Alexandre Giovani da Costa ;

Artigo:

Na Idade Média utilizava-se o conceito de ars para nominar atividades que hoje identificamos como arte, design e arquitetura. As concepções que permeavam o desenvolvimento de projeto e o modo como os medievais apresentavam seus objetos é de difícil compreensão para as modernas categorias de pensamento. Contudo, fazendo-se um breve deslocamento em que se coloca o modus operandi dos designers em contato com a atividade do artifex medieval – aquele que pratica a ars – abre-se um rico campo de diálogo. A diversidade e a amplitude das formas de representação e de apresentação dos resultados dos designers modernos – que pensam e manipulam o espaço a partir de recortes, dobras e sobreposições, fornecendo-lhes significados múltiplos - possibilita estabelecer nexos e uma postura compreensiva com o campo da ars medieval. Dito de forma direta, designers estão mais habilitados do que uma série outros profissionais da área de projeto, para compreender a beleza e as peculiaridades de produção da ars medieval não somente porque trabalham explorando o espaço, mas também porque ela está incorporada no processo de estruturação e emergência do campo profissional.

Artigo:

During the Middle Age, the ars concept would nominate the activities that nowadays we identify as art, design and architecture. The conceptions that permeated the project development and how the medievals presented their objects is of difficult comprehension for the modern thinking categories. However, by making a brief displacement of the designers'' modus operandi in contact with the medieval artifex - the one that practices the ars - a rich dialogue field opens. The diversity and amplitude regarding manners of results representation and presentation by modern designers - who think and manipulate the space from cuts, folds and overlaps, providing them with multiple significances - enables to establish connections and a comprehensive posture with the medieval ars field. Said in and objective way, designers are more enabled than a serie of other project professionals to comprehend the medieval ars production beauty and peculiarities, not only because they work by exploring the space, but also because the ars is incorporated in the process of structuring and emergence of the professional field.

Palavras-chave: design, arte medieval, espaço, design, medieval art, space.,

Palavras-chave: ,

DOI: 10.5151/designpro-ped-01442

Referências bibliográficas
  • [1] ARANTES, Priscila e ANTONIO, Jorge Luis. As fronteiras entre o design e a arte. In: VALESE, Adriana (et al.). Faces do design. São Paulo: Rosari, 2003, pp.129-143.
  • [2] ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Brasília: UnB, 2001.
  • [3] BARBOSA, Carlos Alberto. Tékne e design: uma relação entre o conceito aristotélico de arte e o conceito contemporâneo de design. In: VALESE, Adriana (et al.). Faces do design. São Paulo: Rosari, 2003, pp.49-72.
  • [4] BOURDIEU, Pierre. Campo intelectual e projeto criador. In: GODELIER et alii (orgs.) Problemas do estruturalismo. Rio de Janeiro: Zahar, 1968, pp. 105-145.
  • [5] _____. A gênese dos conceitos de habitus e de campo. In: O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand, 2004, pp. 59-74.
  • [6] BRANDÃO, Antônio Jackson de Souza. Téchne: entre a arte e a técnica. Revista Litteris Filosofia, Julho 2010, Número 5. Disponível em: Andlt;http://www.revistaliteris.com.brAndgt;. Acesso em: 12 jun. 2011
  • [7] BÜRDEK, Bernhard E. Design: História, teoria e prática do design de produtos. São Paulo: Blucher, 2010.
  • [8] CAMPOS, Gisela Beluzzo de. A influência do objeto industrial na arte. In: VALESE,
  • [9] Adriana (et al.). Faces do design. São Paulo: Edições Rosari, 2003, pp.71-80; .
  • [10] Arte, design e linguagem visual. In: MOURA, Mônica. Faces do design 2 - ensaios sobre arte, cultura visual, design gráfico e novas mídias. São Paulo: Edições Rosari, 2009, pp.65-79.
  • [11] CANGUILHEM, Georges. O normal e o patológico. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002.
  • [12] COST, Ricardo da. A Ciência no pensamento especulativo medieval. In: Sinais – Revista Eletrônica. Ciências Sociais, Vitória: CCHN, Edição nº 5, vol. 1, set. 2009, pp.132-144.
  • [13] DEBRAY, Régis. Vida e Morte da Imagem: Uma história do olhar no Ocidente. Petrópolis: Vozes, 1994, p. 230
  • [14] DELEUZE, Gilles. Conversações. Rio de Janeiro: Ed.34, 1992.
  • [15] _____. Mil platôs – capitalismo e esquizofrenia. Vol. 5. São Paulo: Editora 34, 1997.
  • [16] DIAS, Maria Helena Pereira. Encruzilhadas de um labirinto eletrônico — uma experiência hipertextual. Campinas-SP: UNICAMP, s/d. Disponível em: Andlt;http://www.unicamp.br/~has/mh/principal Andgt; . Acesso em: 20 jun 2013. DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 1997. ECO, Umberto (org.). História da Beleza. Rio de Janeiro: Record, 2010.
  • [17] FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
  • [18] _____. As Palavras e as Coisas. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
  • [19] _____. Estratégia, poder-saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, (Coleção Ditos e escritos IV), 2003.
  • [20] GARCIA, Alicia Olabuenaga De la tecnica a la techne. Disponível em: Andlt;http://serbal.pntic.mec.es/~cmunoz11/techne.html#InicioAndgt; . Acesso em: 15 jun. 2011
  • [21] HABERMAS, Jürgen. Teoria de la acción comunicativa I - Racionalidad de La acción y racionalización social. Madri: Taurus, 1987.
  • [22] _____. Teoria de la acción comunicativa II – Crítica de la razón funcionalista. Madri: Taurus, 1987.
  • [23] _____. Técnica e ciência como ideologia. Lisboa: Edições 70, 1987. MACHADO, Roberto. Deleuze e a Filosofia. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1990.
  • [24] MEIRINHOS, José. O sistema das ciências num esquema do século XII no manuscrito 17 da Santa Cruz de Coimbra. Revista Medievalista online, ano 5, nº 7, dez. 2009, Lisboa: IEM – instituto de Estudos Medievais. Disponível em http://www2.fcsh.unl.pt/iem/medievalista. Acesso em 02/06/2012.
  • [25] MELO, Chico Homem de. Os desafios do designer Andamp; outros textos sobre design gráfico. São Paulo: Edições Rosari, 2003, pp 62-69.
  • [26] MORAES, Anamaria de. Design: arte, artesanato, ciência, tecnologia? O fetichismo da mercadoria versus o usuário/trabalhador. In: COUTO, Rita Maria de; OLIVEIRA, Alfredo Jefferson de (orgs.). Formas do design: por uma metodologia interdisciplinar. Rio de Janeiro: 2AB: PUC-Rio, 1999, pp.156-191.
  • [27] ROUANET, Sérgio. As Razões do Iluminismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
  • [28] SANTAELLA, Lúcia. As aparições do belo. In: Estética: de Platão à Pierce. São Paulo: Experimento, 2000, pp.25-36.
  • [29] SOMMA JUNIOR, Nelson. Artesanato: patrimônio cultural. In: MOURA, Mônica. Faces do design 2 - ensaios sobre arte, cultura visual, design gráfico e novas mídias. São Paulo: Edições Rosari, 2009, pp.145-151.
  • [30] SPEER, Andreas. Tomás de Aquino e a questão de uma possível estética medieval. Viso - Cadernos de estética aplicada - Revista eletrônica de estética, Nº 4, jan- jun/2008. Disponível em http://www.revistaviso.com.br (acesso em 12 fevereiro 2014).
  • [31] STRUNK, Gilberto. Viver de design. Rio de janeiro: 2AB, 2007.
  • [32] VARGAS, Milton. Para uma filosofia da tecnologia. São Paulo: Alfa - Omega, 1994.
  • [33] _____. História da matematização da natureza. Estudos Avançados, São Paulo, v. 10, n. 28, dez. 1996, pp. 249-276 .
  • [34] VILLAS-BOAS, André. Utopia e Disciplina. São Paulo, 2AB Editora, 1998.
  • [35] _____. Interdisciplinaridade. In: Identidade e Cultura. Teresópolis (RJ): 2AB, 2009, pp. 23-29.
  • [36] WERTHEIM, Margaret. Uma história do espaço: de Dante à internet. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
Como citar:

Schiavoni, Alexandre Giovani da Costa; "O DESIGN E O CONCEITO DE ARS MEDIEVAL", p. 592-604 . In: Anais do 11º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design [= Blucher Design Proceedings, v. 1, n. 4]. São Paulo: Blucher, 2014.
ISSN 2318-6968, DOI 10.5151/designpro-ped-01442

últimos 30 dias | último ano | desde a publicação


downloads


visualizações


indexações